Visitas técnicas: guia de campo da XXXVI Reunião de Primavera da SPPF Conference Paper uri icon

abstract

  • Os geógrafos e planeadores portugueses frequentemente definem como Montanha os territórios acima dos 700 m de altitude. Há uma razão prática para isso. A cota dos 700m, com oscilações consoante a exposição, latitude e proximidade do mar, está associada a mudanças significativas no coberto vegetal e no uso agrícola e pastoril do território. A montanha assim definida corresponde a cerca de 11% da superfície do pais. Kapos et al. (2000), pelo contrário, valorizam muito mais o declive do que a cota na identificação dos espaços de montanha. Para estes autores 38% da superfície nacional é Montanha (Azevedo et al., in litt.). Portugal não tem montanhas elevadas, mas é, sem dúvida, um pais de montanhas e de agricultura de montanha. Não surpreende, por isso, que o tema da XXXVI Reunião de Primavera da SPPF seja precisamente as “Pastagens e o Pastoreio em Área de Montanha”. A Serra do Alvão foi a montanha selecionada como objeto das visitas técnicas pela SPPF. Esta serra eleva-se a 1283 m de altitude no Alto de Caravelas. Reparte-se pelos concelhos de Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena e Mondim de Basto. Xistos e granitos são os tipos litológicos dominantes. A combinação de um clima temperado de chuvas copiosas, concentradas no semestre invernal, e um substrato rochoso granítico, originou solos ácidos, de textura grosseira e argilas cauliníticas de baixa capacidade de troca catiónica, nutricionalmente desequilibrados, em resumo pouco férteis. A flora indígena de matos e prados, como todos os participantes nas visitas de estudo terão oportunidade de constatar, reflete isso mesmo. À semelhança de outras visitas técnicas da SPPF, houve que escolher uma exploração agrícola que servisse de ponto de partida para a construção, sempre inacabada, de respostas às perguntas de investigação que dominam cada uma Reuniões de Primavera da SPPF. A pergunta fundamental que atravessa toda a XXXVI Reunião de Primavera da SPPF é a seguinte: A montanha é um espaço demasiado vasto em Portugal para ser votado ao abandono. O bem-estar dos portugueses depende também dos serviços ecossistémicos fornecidos pela montanha: água de qualidade, paisagem, refúgio de biodiversidade, produtos agrícolas e animais de qualidade, ou cultura, por exemplo. Os pastos e as pastagens são uma componente determinante na génese do pacote de serviços ecossistémicos fornecidos pela montanha. Sem animais e sem pastos sobrar-nos-á uma montanha disfuncional e pobre. Quais são, então, as melhores soluções técnicas para um regresso bem sucedido dos gados à montanha?

publication date

  • January 1, 2015