Irradiação gama e feixe de eletrões: uma alternativa viável no tratamento pós-colheita e promotora da qualidade da castanha
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Desde tempos imemoriais que em Trás-os-Montes se consomem castanhas, nomeadamente como substituto da batata. Sendo esta região produtora de cerca de 75% das castanhas nacionais, é necessário encontrar uma alternativa ao tratamento pós-colheita de desinfestação por fumigação com brometo de metilo, banido em 2010 na União Europeia, por ser tóxico para os manipuladores e poluente para o ambiente. Desde então outras técnicas têm sido testadas, designadamente a imersão em água quente. Este tratamento apresenta algumas desvantagens, em particular as associadas ao contacto do fruto com a água. Assim, a irradiação de castanhas poderá ser uma tecnologia promissora, já regulamentada e utilizada em todo o mundo em diversos produtos alimentares. O nosso grupo de investigação já efectuou estudos de qualidade alimentar em castanhas irradiadas. Numa primeira fase foi utilizada radiação gama com doses baixas de 0,25 e 0,50 kGy e, numa segunda fase, com doses superiores, 1 e 3 kGy. As castanhas após serem irradiadas foram armazenadas durante 0, 30 e 60 dias a 4 ºC e posteriormente analisadas. Os resultados foram satisfatórios, tendo sido preservados vários parâmetros nutricionais e moléculas individuais como açúcares, ácidos gordos e tocoferóis. Em 2012, o nosso grupo testou ainda a irradiação com feixe de electrões, nas mesmas doses e tempos de armazenamento. Os resultados foram bastante semelhantes à radiação gama no que concerne à preservação dos parâmetros acima descritos. Globalmente, o tempo de armazenamento parece influenciar mais a qualidade nutricional do que qualquer uma das radiações e doses utilizadas, pois verificaram-se alterações significativas após 30 e 60 dias de armazenamento, provando que a radiação pode ser bastante eficaz no tratamento pós-colheita da castanha e não alterando significativamente os parâmetros nutricionais. Since ancient times, chestnut is an important food commodity in Trás-os-Montes, namely as a potato substituent. In fact, nearly 75% of Portuguese chestnuts are produced in this region. Methyl bromide was, until 2010, the common post-harvest disinfestation treatment applied to chestnuts. However, due to its harmful health and environmental effects, it was banned from the European Union. Thereby, it is mandatory to find an alternative treatment. Plunging in hot water is one of the techniques that have been tested in higher extent, but it has strong limitations mainly due to the contact of water with samples. Hence, chestnut irradiation, which has been applied worldwide to several food matrixes and is already legally framed, might be a promising technology. By now, our research group had performed studies on the food quality of irradiated chestnuts. In the first approach, low dose (0.25 and 0.50 kGy) gamma irradiation was tested; subsequently, higher irradiation doses (1 and 3 kGy) were also evaluated. In both cases, after irradiation, chestnuts were stored during different periods (0, 30 and 60 days) at 4 ºC, and further analyzed regarding several quality parameters. The results were quite good, showing the maintenance of nutritional parameters as well as individual molecules such as sugars, fatty acids and tocopherols. During 2012, the effect of electron beam irradiation (using the same doses and storage times) was also evaluated. The obtained results were quite similar to those obtained with gamma irradiation regarding the maintenance of the studied parameters. In general, storage time seem to exert higher influence on the nutritional quality of chestnut when compared to both irradiation types, since some significant changes were verified after 30 and 60 days. Accordingly, irradiation might be an effective alternative to post harvest treatment of chestnuts, without causing significant changes in the nutritional parameters.
Desde tempos imemoriais que em Trás-os-Montes se consomem castanhas, nomeadamente como substituto da batata. Sendo esta região produtora de cerca de 75% das castanhas nacionais é necessário encontrar uma alternativa ao tratamento pós-‐colheita de desinfestação por fumigação com brometo de metilo, que foi banido em 2010 na União Europeia, por ser tóxico para os manipuladores e poluente para o ambiente. Desde então outras técnicas têm sido testadas, nomeadamente o mergulho em água quente e a refrigeração. Todos estes tratamentos apresentam grandes desvantagens associadas ao gasto de energia e baixa eficiência. Assim, a irradiação de castanhas poderá ser uma tecnologia promissora, ecológica e saudável, já regulamentada e utilizada em todo o mundo em diversos produtos alimentares. Na Coreia do Sul, as castanhas são irradiadas com 0,25 kGy para prevenir a germinação em variedades asiáticas. O nosso grupo de investigação já efetuou estudos de qualidade alimentar em castanhas irradiadas. Numa primeira fase foi utilizada radiação gama (γ) com doses baixas de 0,25 e 0,5 kGy e numa segunda fase, com doses superiores 1 e 3 kGy. As castanhas após serem irradiadas foram armazenadas durante 0, 30 e 60 dias a 4 ºC e posteriormente analisadas. Os resultados foram satisfatórios, tendo sido preservados vários parâmetros nutricionais e moléculas individuais como açúcares, ácidos gordos e tocoferóis. Em 2012, o nosso grupo testou também a irradiação com feixe de eletrões, nas mesmas doses e tempos de armazenamento. Os resultados foram bastante semelhantes à radiação gama no que concerne à preservação dos parâmetros acima descritos. Globalmente, o tempo de armazenamento parece influenciar mais a qualidade nutricional do que qualquer uma das radiações e doses utilizadas, pois verificaram-‐se alterações significativas após 30 e 60 dias de armazenamento, provando que a radiação pode ser bastante eficaz no tratamento pós-‐colheita da castanha e não altera significativamente os parâmetros nutricionais.