A evocação do bicentenário das Invasões Francesas em Portugal
deu lugar a um justificado (re)interesse sobre o período
que acabou por funcionar como transição de dois tempos opostos
em termos políticos, ideológicos e sodoeconómicos. Tal
como em outros momentos evocativos, também este se preencheu
de iniciativas comemorativas, académicas e editoriais
que lograram uma reconstrução perante uma historiografia
envelhecida, e que em ·diversos contextos, mais não era, na
expressão de Charles Eisdale, do que uma litania das batalhas
de Napoleãd. Do balanço sobre a historiografia das Invasões
Francesas, obrigatoriamente provisório, um dado parece inegável-
o do crescente interesse por uma construção teórica que
não se fique limitada ao espectro político e militar dos factos de
1807 a 1811, que muito caracterizou a historiografia tradicional,
mas que se estenda a uma tessitura mais alargada, ampliada
a uma dimensão pan-europeia dos conflitos napoleónicos e
chamando a atenção para as dimensões económicas, sociais e
demográficas que tal período condicionou