Empowerment de adultos e idosos em contextos de cidadania.
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Parte-se dos quatro domínios do conceito multifatorial de literacia em saúde (Nutbeam, 2007), para estudar a capacitação, colocando a questão: qual o nível do empowerment (Nutbeam, 2007) em contextos de cidadania de adultos e idosos? Estuda-se a capacitação e motivação para intervir e denunciar, considerando a relação entre competências cognitivas e de pensamento crítico para usar informações e serviços (Ickes & Cottrell, 2010) disponíveis, ao nível de serviços sociais, e o nível de saúde (Kim & Yu, 2010).
Objetivos: Conhecer os comportamentos de uma amostra de adultos e idosos, na sua perceção subjetiva que expressam
o nível da capacitação/empowerment em cidadania; Conhecer as componentes discursivas da amostra que configuram em sentido e significado a sua perceção subjetiva de capacitação para agir e denunciar, perante uma situação de ameaça à sua
pessoa ou aos seus valores ético-morais.
Estudo quantitativo-qualitativo: inicialmente estatístico-descritivo nas respostas ao formulário construído para o efeito, de 119 respondentes do Norte de Portugal, e posteriormente, pela análise de conteúdo (Fairclough, 2003) às unidades discursivas emergentes da entrevista informal a que foram submetidos, através da questão: “Perante injustiça, se agem contra os seus valores, sente-se capaz de agir e denunciar? Como?”. Esta amostra, entre 57 e 91 anos, 64% mulheres e 36%homens, com (57=48%) casados, 47 (39%) viúvos e 11 (9%) solteiros, só três eram divorciados e um vive em união de facto.
Da análise estatística à questão, 105 (91%) pessoas responderam positivamente, mas 11 (9%) assumem o contrário.
Da análise de conteúdo às componentes discursivas dos sujeitos foi construída uma rede de “contextos percetivos” com três
imagens: 1.“Eu denuncio sim”, 2.“Não, não denuncio” e 3.“Depende, sei lá”. A primeira, gera 3 subcategorias: 1.1“Recorria a Instituições e Autoridades” reconhecem a Polícia, GNR, Tribunais, o Livro de Reclamações, o «chefe», «linhas telefónicas» e por fim o advogado, como “entidades e autoridades competentes”; 1.2“Falava com a Família” seja em geral ou filhos, seguida de «as irmãs (religiosas)», sobrinhos e marido. 1.3: “Dialogava com a pessoa”: chamando a atenção e «defendendo-se sem problema».
O segundo ramo, gera: 2.1.“não tenho conflitos” numa perceção de simpatia, e 2.2. “Não consigo agir…” numa perceção
de descrédito e abandono nas instituições e respetivos recursos humanos cuidativos. A categoria “Depende, sei lá”, insere
reflexões, dúvidas e descréditos, relativamente às suas competências cognitivas de compreensão, de literacia oral e de escrita.
Corroborando Nutbeam (2007), esta amostra expressa perceções de capacitação em contextos de cidadania,
como competências multifatoriais, perante “uma situação de injustiça, se alguém agir contra os seus valores (desrespeito,
indignidade, ameaça pessoal, abandono)”. Verificou-se empowerment (Nutbeam, 2007), porque expressam “sentir-se capaz
de agir e denunciar” mas o nível de motivação para intervir e denunciar é insuficiente: as suas competências cognitivas e de
pensamento crítico para usar informações e serviços (Ickes & Cottrell, 2010), são nulas em 11 respondentes, de inação em
nove, e só 61 respondentes de entre os 105 assumiram expressamente “agir em contextos sociais de injúria”.