Frequentemente quando reflito sobre
o envelhecimento recordo-me de três
frases que me marcaram de alguma
forma, uma é de Jorge Amado (1912-2001,
89 anos), que numa das suas últimas entrevistas afirmou que “A velhice é uma porcaria”,
outra é da atriz brasileira Tónia Carrero (1922-
2018, 95 anos) que afirmou “A velhice é a
prova que o inferno existe” e por fim a minha
mãe dizia no final da sua vida (1937-2017, 80
anos), “Já enterrei tanta gente”.
O que estas três pessoas têm em comum
é que ultrapassaram os 80 anos e tiveram um
envelhecimento ativo até quase ao fim das
suas vidas. Estas afirmações vem contradizer
um pouco a “vaga” que surgiu nos últimos
anos de um gerontotimismo, considerando
este como “a perceção que é transmitida de
que a velhice é a melhor fase de vida e que o
envelhecimento é um processo isento de dificuldades, pleno de satisfação”, que advoga
e enaltece as maravilhas e potencialidades da
velhice, muito associado ao conceito de “envelhecimento ativo ou bem sucedido”.
Este movimento afirma que a da terceira/
quarta idade é a melhor fase da vida, há até
quem lhe chame a idade “dourada” ou quem
promova a gerontoadolescência, como se os
mais velhos pudessem e devessem repetir os
comportamentos dos adolescentes.