A poda influencia a produção do olival tradicional? A que nível?
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O olival tradicional constitui-se como a principal atividade económica da Terra Quente
Transmontana, pelas pessoas que envolve e pelas receitas que gera. O setor passa, contudo,
uma fase difícil decorrente dos baixos preços a que o azeite é comercializado. Para manter a
atividade com sustentabilidade económica é necessário maximizar a produtividade e reduzir
custos. Um dos aspetos da técnica cultural que mais pode influenciar o resultado económico
da cultura é a poda, pelos custos que acarreta e pela forma como pode influenciar a
produtividade das árvores. Neste trabalho, apresentam-se resultados do efeito de vários
regimes de poda na produtividade e outros aspetos da fisiologia da árvore.
O ensaio de campo está instalado em Valongo, Mirandela. Consiste em quatro regimes
de poda, designadamente poda severa, poda moderada, poda ligeira e não poda
(testemunha). Nos regimes de poda severa, moderada e ligeira procurou remover-se,
respetivamente, 75, 50 e 25% da rama. Na modalidade testemunha não se efetuou poda. No
início do ensaio as árvores estavam no terceiro ano após o último evento de poda. Cada
regime de poda foi aplicado a um grupo homogéneo de dez árvores.
No Inverno anterior à poda a produção foi muito baixa (valor médio de 2,2 kg/árvore)
e sem diferenças significativas entre os quatro grupos de árvores submetidos a poda
diferenciada na Primavera seguinte. As produções médias de azeitona na primeira colheita
após a poda foram de 17,1, 15,7, 9,8 e 2,0 kg/árvore, respetivamente nas modalidades
testemunha, poda ligeira, poda moderada e poda severa. O calibre dos frutos variou de forma
inversa à produção, registando-se os valores de 237,5, 298,7, 377,8 e 451,6 g por 100
azeitonas. A concentração de nutrientes nas folhas variou significativamente em função dos
regimes de poda, bem como os valores de clorofila-SPAD determinados com o aparelho
portátil SPAD-502. Assim, em análise de curto prazo, a poda reprimiu fortemente a produção
de azeitona, possivelmente por remover folhas, que se constituem como a principal reserva
de fotoassimilados da planta e o aparato fotossintético responsável pela aquisição de mais
produtos da fotossíntese no futuro. A alteração verificada no estado nutricional das plantas
em função do regime de poda e o lançamento diferenciado de rebentação de tronco (ladrões)
irá repercutir-se seguramente nos ciclos produtivos dos anos seguintes.