A primeira descrição objetiva da paisagem trasmontana foi publicada pelo polímata saxão J. Link, em 1805,
no seu Voyage en Portugal, par /e Conte de Hoffmansegg. A profunda desarborização do território, que tanto
contrastava com a paisagem vegetal da Saxónia natal foi, talvez, a característica do coberto vegetal nordestino
que mais surpreendeu o conde Hoffmansegg e o seu companheiro de viagem, J. Link. Conta este último que, nos
arredores de Vila Flor, "o País retoma o seu aspeto normal. Campos cultivados num território desprovido de
árvores e afloramentos rochosos desagradáveis à vista". No Mogadouro, considera que "o País é uniforme e
apresenta apenas campos cultivados e rochas nuas". De Vimioso a Bragança regista "cinco léguas por um País
árido e monótono à exceção de algumas pastagens ornadas de árvores"; e que Bragança "está situada numa
planície desprovida de árvores e rodeada de pastagens e campos cultivados". Finalmente, anota que a aldeia de
Montesinho se situa "na cadeia de montanhas mais árida do Reino; não se vê uma única árvore ou mesmo um
único arbusto: os urzais [rasteiros] cobrem-na na totalidade". Ainda assim, Link refere que, pontualmente,
despontava algum maciço arbóreo: Vinhais "está situada numa garganta fértil, rodeada de montanhas em parte
áridas e em parte cobertas de basquetes de carvalhos"'; e a aldeia de França encontra-se "situada num local
agradável, no sopé de uma colina coberta de basquetes de carvalhos".