Plantas tóxicas em ruminantes: conhecimento da classe médico-veterinária
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As plantas tóxicas podem ter um efeito determinante na saúde animal e um grave
impacto económico nas explorações pecuárias. Para além da natureza inespecífica dos
quadros sintomatológicos, a escassez de informações veterinária e botânica adaptada
à realidade do país tornam particularmente difícil o estabelecimento de relações
causa-efeito entre o consumo de plantas. Tendo em consideração a importância das
plantas tóxicas foi organizado um inquérito dirigido à classe médico-veterinário com
o objectivo de avaliar o conhecimento dos médicos veterinários sobre o tema. No
inquérito foram incluídas questões sobre os anos de prática veterinária e o concelho
ou distrito onde estes profissionais exercem a profissão, de modo a caracterizar no
geral a amostra e, posteriormente, se tinham conhecimento de exemplos de plantas
tóxicas para ruminantes e quais as plantas e ainda se durante o seu percurso profissional
diagnosticaram algum caso de intoxicação por ingestão de plantas em ruminantes,
o número de casos de intoxicação e quais as espécies de plantas envolvidas, o que
permitiu aferir sobre o conhecimento que estes profissionais têm sobre a temática
em estudo.
Obtiveram-se 106 respostas validadas ao inquérito. O tratamento dos dados indica
que, em relação ao conhecimento sobre plantas tóxicas para ruminantes, uma grande
parte dos inquiridos conhece algumas espécies de plantas. Foram citados um total de
47 géneros diferentes. Entre as espécies mais citadas encontram-se o embude (Oenanthe
crocata), o feto-comum (Pteridium aquilinum), a figueira-do-inferno (Datura
stramonium), o trevo-azedo (Oxalis pes-caprae) e a dedaleira (Digitalis purpurea),
como espontâneas, e a alfavaca (Erophaca baetica) e o sorgo (Sorghum sp.pl.), como
espécies cultivadas.
Conclui-se que o diagnóstico de casos de intoxicações por plantas em ruminantes
é ainda pouco frequente e, quando acontece, é essencialmente devido a quadros
agudos, muitas vezes acompanhados de mortes súbitas.
Constata-se que só uma pequena parte das plantas tóxicas para ruminantes é
conhecida pela grande maioria dos médicos veterinários e que é necessária mais formação
e/ou informação disponibilizada e mais estudos multidisciplinares com vista
a colmatar a falta de informação que chega à classe médico-veterinária portuguesa
sobre esta temática.