Práticas da sociedade portuguesa e reabilitação sustentável do parque edificado residencial
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A mudança nas atitudes e práticas dos utilizadores dos edifícios existentes face à
sustentabilidade e à eficiência energética é uma das estratégias fundamentais para a
passagem a uma sociedade de baixo carbono. Um dos desafios é motivar os proprietários a
reabilitar os seus edifícios no sentido de adotarem soluções sustentáveis e reduzirem os
seus gastos energéticos. Estudos recentes têm apontado para a importância do contexto
social onde se insere o proprietário que, em muitos casos, sobrepõe-se às campanhas de
sensibilização públicas e até ao aconselhamento técnico. Outros estudos revelaram que as
estratégias de motivação têm que olhar o proprietário do edifício de forma personalizada.
A decisão de reabilitar parece emergir das aspirações pessoais, dos estilos de vida dos
indivíduos e das condições e práticas sociais do dia a dia e não exclusivamente da análise
simples de retorno do investimento ou da sensibilidade ambiental. Este estudo pretende
trazer para a discussão a dimensão social e cultural da reabilitação sustentável dos edifícios
residenciais em Portugal, explorando o papel das rotinas e práticas domésticas e
identificando fatores-chave que possam influenciar a tomada de decisão. Primeiramente,
foi realizado um conjunto de entrevistas a um grupo de profissionais ligados a esta área.
Seguidamente, com base nas entrevistas, inquiriu-se um grupo de proprietários de edifícios
residenciais portugueses. Os resultados revelaram que a comunicação dentro da rede social
onde os proprietários portugueses inquiridos estão inseridos, bem como os estilos de vida
e as práticas diárias da vida doméstica, têm uma influência central na formação inicial de
intenções de renovação de partes de um edifício. A decisão é um processo negociado ao
nível familiar e emerge da combinação de algumas condições da vida doméstica com
fatores pessoais e contextuais. Não é um evento único, mas insere-se na prática do “ir
renovando”. As reabilitações energeticamente eficientes de edifícios acontecem, em muitos
casos, em consequência da decisão de reabilitar por outros motivos já estar tomada. É
importante abordá-las como qualquer outro tipo de reabilitação, sem torná-las excecionais
ou à parte das outras. Por conseguinte, é fundamental introduzir a ciência social para
compreender comportamentos, práticas e rotinas sociais e culturais dos proprietários, no
sentido de definir as melhores políticas de motivação para a reabilitação dos edifícios
residenciais.