Estado nutricional aos três meses após AVC e sua relação com complicações Conference Paper uri icon

abstract

  • Os pacientes do foro neurológico apresentam elevado risco de desnutrição associada à doença devido a fatores que tem que ver com a ingestão de nutrientes, alterações no gasto energético, distúrbios alimentares, problemas gastrointestinais e efeitos colaterais dos medicamentos. A desnutrição é frequentemente observada em pacientes após um AVC e tem vindo a ser associada a maus resultados em saúde e pior recuperação funcional. Conhecer o estado nutricional do paciente com AVC e sua relação com o estado funcional e outros eventos adversos aos 3 meses. Estudo observacional com follow-up a três meses. Os pacientes com AVC (n=139) foram recrutados no Departamento de Neurologia do Complexo Hospitalar de Cáceres (Espanha) através de amostragem consecutiva. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e qualidade de vida. O risco nutricional foi avaliado através do MNA (Mini Nutritional Assessment) e de indicadores antropométricos. O estado funcional avaliou-se através do Índice de Barthel. Além disso, foram monitorizadas complicações durante os três meses após a alta (febre, ataque cardíaco, pneumonia, quedas, infeção do trato urinário, tromboflebite, etc.). O estado nutricional foi classificado de acordo com os pontos de corte do MNA, resultando as seguintes categorias: estado de nutrição normal (mais de 24 pontos no MNA); risco de desnutrição (de 17 a 23 pontos) e desnutrido (menor que 17 pontos). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da área geográfica e os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Estudaram-se 139 pacientes (76,6±6,8 anos), a maioria homens (53,2%), predominando o AVC isquémico (83,8%). Como se pode verificar pela Tabela 1, a pontuação média no MNA foi de 22,7 (±4,4) pontos, traduzindo um estado nutricional normal (45,9%), risco de desnutrição (45,2%) e desnutrição (8,9%). No seguimento a 3 meses 29% dos pacientes apresentavam uma dependência leve ou moderada e 18,1% dependência total. Não foram observadas diferenças significativas no estado nutricional, entre sexos, ou relativamente à idade. A pior estado nutricional correspondeu maior dependência funcional aos 3 meses pós-AVC (p<0,001). Doentes com pior estado nutricional tinham também pior qualidade de vida (p<0,001). A complicação mais frequentemente observadas aos 3 meses foram a agitação (14,4%), as infeções urinárias (13,7%) e as quedas (12,2%). Em geral, os pacientes que apresentaram alguma complicação apresentaram pior pontuação média no MNA (20,3±4,66 vs 24,1±3,7; p<0,001). O risco de desnutrição, a curto prazo, é comum em sobreviventes de AVC. Aos 3 meses após AVC o estado nutricional associou-se a uma pior situação funcional, a baixa autopercepção da qualidade de vida e a uma maior taxa de complicações. É, pois, essencial detetar o risco de desnutrição precocemente em pacientes que sofreram um AVC.

publication date

  • January 1, 2019