As hortas urbanas do Instituto politécnico de Bragança. Perfil dos utilizadores, motivações e importância da produção no consumo familiar Conference Paper uri icon

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  • A agricultura urbana é um fenómeno generalizado em todo o mundo. Nas grandes cidades dos países em desenvolvimento e em épocas de crise económica nos países desenvolvidos, a criação de espaços para agricultura urbana tem sido um instrumento político de grande valor social que permite aumentar a segurança alimentar e mitigar a pobreza e o desemprego. Recentemente, têm surgido projetos de agricultura urbana em cidades de países desenvolvidos destinados a assegurar atividade social e qualidade de vida aos seus cidadãos. São espaços de convívio, desporto e lazer, onde as pessoas relaxam do stresse acumulado de um dia de trabalho. Nas instalações da escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança surge em 2011 o projeto Hortas Comunitárias do IPB, desenvolvido pela Associação Cultural e Recreativa do Pessoal do Instituto Politécnico de Bragança (IPB). Esta iniciativa surge a partir da vontade de criação de espaços multifuncionais em torno dos conceitos de alimentação saudável, sustentabilidade dos recursos naturais e lazer. Assim, o projecto promove a prática de horticultura de lazer, privilegiando a agricultura biológica e sustentável, com o intuito de fomentar a convivência interpessoal e com a natureza, e a alimentação saudável dos seus utilizadores. Inicialmente restrito ao ambiente académico, rapidamente se expandiu à cidade imprimindo uma maior diversidade nos intervenientes. Este trabalho reflecte a necessidade de conhecer quem são os utilizadores das hortas do IPB, quais as suas motivações e o que fazem para alcançar os seus objetivos. Devido às suas diferentes origens, vivencias, idades e conhecimentos é possível encontrar, neste pequeno espaço, diferentes formas de estar perante a prática agrícola. Entre Novembro de 2012 e Julho de 2013 foi feita uma inquirição aos hortelãos segundo a técnica de entrevista, escrita e gravada, de forma a obter informação qualitativa e quantitativa referente a dados pessoais dos mesmos e às hortas que cultivam. Foram inquiridos 88 hortelãos, utilizadores de 51 hortas num universo total de 120 hortas. Assim foi possível traçar um perfil sócio-económico dos utilizadores a partir dos dados recolhidos e ainda perceber a importância da produção hortícola no agregado familiar. Partindo de dados fornecidos na entrevista foi possível concluir que a produção de uma horta com 50 m2 no período de primavera/verão permite que o agregado familiar reduza as suas compras em legumes, quer nos meses de maior produção quer nos meses seguintes, sendo que muitas vezes o tempo de duração do consumo chega a um ano. Foi possível ainda contabilizar, para um caso, as produções colhidas numa horta, calculando em seguida o valor da produção utilizada no consumo familiar.

publication date

  • January 1, 2014