Pensa-se que as publicações que evidenciam as pessoas hemodialisadas apresentam um baixo nível de capacidade física datam de 1977 (Jette, Posen, & Cardarelli, 1977). A partir dessa data está bem documentado que as pessoas com insuficiência renal crónica (IRC), em programa regular de hemodiálise, estão limitados na sua capacidade física global entre 60 e 70% do esperado para a sua idade, quando comparados com indivíduos saudáveis com as mesmas características (Johansen & Painter, 2012). A maior parte das pessoas com IRC são sedentárias (Johansen et al., 2000; O’Hare, Tawney, Bacchetti, & Johansen, 2003; Painter, 2010) e, num estudo de Johansen, a atividade física em pessoas submetidas a hemodiálise foi diminuindo progressivamente 3,4% por mês, durante os 12 meses de observação (Johansen et al., 2003). As pessoas com IRC têm uma capacidade funcional reduzida e um consumo pico de oxigénio inferior ao da população saudável (Johansen et al., 2012). Há resultados que sugerem que estas pessoas, como para a população geral, os comportamentos sedentários estão associados a um aumento da mortalidade (O’Hare et al., 2003). Pensa-se mesmo que uma pessoa hemodialisada com 20 anos tem menos atividade física diária que um indivíduo sedentário saudável com 70 anos (Ikizler & Himmelfarb, 2006). E vários fatores podem ser responsáveis pela diminuição da capacidade funcional destas pessoas, nomeadamente a perda de massa muscular, a anemia de causa renal, a inatividade e a desnutrição (Ikizler, 2011). Apesar do progresso tecnológico na terapia substitutiva renal e dos avanços médicos, as pessoas com IRC continuam limitadas fisicamente o que conduz a um impacto negativo para a sua saúde e qualidade de vida o que, consequentemente, se reflete nas hospitalizações e inclusivamente na mortalidade (Painter, 2005). As pessoas com IRC têm maior prevalência de doenças cardiovasculares que a população em geral (Sarnak et al., 2003) e a taxa de sobrevivência e as hospitalizações são diretamente proporcionais à performance física (Sietsema, Amato, Adler & Brass, 2004).