Serão as políticas institucionais mandatórias, assim tão mandatórias? Qual o grau de cumprimento? O caso da Biblioteca Digital do IPB
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Em 30 de abril de 2010, o Conselho Permanente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), aprovou por unanimidade a Política de Auto-Arquivo de Publicações na Biblioteca Digital do IPB, tornando-se na primeira instituição portuguesa de ensino superior politécnico a possuir uma política de obrigatoriedade de autoarquivo de todas as publicações produzidas pelos seus docentes e investigadores. Posteriormente, em 10 de Janeiro de 2011, foi publicado o Regulamento n.º 14/2011 - Regulamento do Sistema de Avaliação do Desempenho do Pessoal Docente do Instituto Politécnico de Bragança (RAD) – que veio reforçar a obrigatoriedade do autoarquivo, impondo o depósito prévio da produção científica na Biblioteca Digital do IPB (adiante designada por repositório), como condição para ser considerada na avaliação de desempenho. De facto, este regulamento estabelece que “São apenas considerados os artigos depositados na Biblioteca Digital do IPB”. Desta forma, o repositório do IPB foi o primeiro repositório em instituições do ensino superior a ser interoperável com o sistema institucional de avaliação docente (RAD) (Pais, Clarisse; Alves, Albano, 2013).
Para que haja uma ligação ao RAD, os docentes são obrigados a indicar os handles dos registos correspondentes às suas publicações depositadas no repositório do IPB. Com base no handle, são descarregados do repositório os metadados da publicação (título, ano, autores, URI), sendo logo de seguida apresentada a valoração respetiva (Pais, Clarisse; Alves, Albano, 2013).
Desde a promulgação da política, já decorreram três ciclos de avaliação de docentes (2005-2007, 2008-2010 e 2011-2013) e portanto, neste trabalho pretende-se fazer uma análise comparativa entre as publicações depositadas no repositório e as publicações com afiliação do IPB referenciadas na Web of Science e na Scopus, inferindo ainda se essas publicações depositadas no repositório estão em Acesso Aberto.
Metodologia
A metodologia utilizada consistiu em retirar os dados relativos ao Instituto Politécnico de Bragança na WOS, na Scopus e os existentes no repositório. Todos esses dados foram utilizados para criar tabelas dinâmicas – no excel - que permitem cruzar dados e combinar valores de diferentes campos. Este estudo de monitorização também permitiu verificar a consistência dos metadados no repositório, verificar se as publicações que têm mais citações na WOS e na Scopus estão em acesso aberto no repositório.
Resultados preliminares
Nos três ciclos de avaliação, com datas limite de depósito, deliberadas pelo Conselho Técnico-Científico do IPB, verificou-se um acréscimo de depósitos no repositório superior a 93%.
Quando se faz uma análise temporal referente aos três ciclos de avaliação (2005-2007, 2008-2010 e 2011-2013) verifica-se que a percentagem da taxa de depósitos ultrapassa os 86%, de documentos referenciados na WOS e na Scopus. No entanto, os documentos não depositados referenciados na WOS e na Scopus, alcançou os 14%.
Nos três ciclos de avaliação foi verificado que 79% dos documentos ficaram em Acesso Aberto e 21% em acesso restrito. No entanto, do primeiro ciclo para o último ciclo verificou-se um aumento do acesso restrito de 18% para 37%, respetivamente.
Relativamente às publicações mais citadas na WOS e Scopus, analisaram-se todos artigos que receberam até 10 citações. Verificou-se que 67% dos artigos estão em Acesso Aberto e 33% em acesso restrito.
Conclusão
Como foi o primeiro Politécnico em Portugal a implementar uma política de autoarquivo obrigatória, o relatório efetuado pelo Projeto PASTEUR4OA , coloca o IPB em segundo lugar, a nível mundial, em termos da taxa de depósitos dos artigos nos universos dos repositórios com políticas obrigatórias.
No caso da Biblioteca Digital do IPB, verifica-se que desde da implementação da política de autoarquivo, tem sido parcialmente cumprida porque está associada ao Sistema de Avaliação do Desempenho do Pessoal Docente do Instituto Politécnico de Bragança.
A avaliação dos dados, permitiu aferir que as políticas de obrigatoriedade institucionais não são 100% eficazes e portanto terão que se incorporar nos repositórios procedimentos que possibilitem a interoperabilidade com outros sistemas e serviços, como por exemplo, o CrossRef Metadata Search, ou API’s da WOS e da Scopus.
Mesmo lutando contra estas particularidades, há docentes, para quem o repositório é fundamental e depositam toda a produção científica com regularidade. As potencialidades que esta plataforma possui, são indiscutíveis em relação a muitas outras plataformas, porque para além de todas as publicações ficarem integradas, também o curriculum DeGóis é imediatamente atualizado.