Boas práticas no uso de contracetivos em alunos do Instituto Politécnico de Bragança
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A contraceção pode ser definida, simplesmente, como a prevenção voluntária da gravidez, permitindo afirmar que a eficácia das estratégias contracetivas depende, principalmente, da motivação dos jovens que a usa e sublinhar que nenhuma opção contracetiva é 100 por cento eficaz, fácil de usar e isenta de efeitos secundários.[1]
Aliás, a contraceção não é um percurso linear, havendo oscilação de métodos de baixa e de alta eficácia e muitas vezes prevalecendo a não utilização de qualquer método. A questão passa, sobretudo, pela não consistência no uso dos métodos contracetivos, pois certamente ocorrem alternâncias de métodos conforme as relações sexuais se vão estabilizando ou quando novos relacionamentos se iniciam.[2]
Objectivos
Determinar o grau de conhecimento e o uso adequado dos métodos contracetivos.
Comparar o conhecimento dos métodos contracetivos e o seu uso adequado tendo em consideração género, estado civil, escola e idade.
Verificar se existe relação entre o conhecimento dos métodos contracetivos e o seu uso adequado.
Determinar qual o método contracetivo mais utilizado pelos alunos do IPB.
Material e métodos
Esta investigação tem caráter quantitativo, transversal, comparativo (teste de Mann-Whitney-Wilcoxon para duas amostras; teste de Kruskal-Wallis para mais de duas amostras) e correlacional (teste de Spearman). A amostra foi recolhida nos meses de Outubro e Novembro de 2012 das escolas do IPB situadas na cidade de Bragança, recorrendo a um questionário de autopreenchimento. Para o tratamento dos dados foi utilizado o programa SPSS 20.0. Da amostra faziam parte 365 alunos que tinham, em média, 21 anos de idade (±2,47). A maioria era do género feminino (55,3%), solteira (97,3%) e frequentava o 2ºano (33,8%). A distribuição da amostra por escolas foi de 121 alunos da Escola Superior (ES) de Tecnologia e Gestão (33,2%), 102 da ESSaúde (27,9%), 102 da ESEducação (27,9%) e 40 da ESAgrária (11%).
Resultados e discussão
Verificou-se que a maioria dos alunos utiliza o preservativo (49,7%).
O conhecimento sobre métodos contracetivos é, estatisticamente, superior (p = 0,000) na amostra relativa ao género feminino. No entanto, quando considerado o estado civil, não se registaram diferenças, estatisticamente, significativas (p = 0,581). Quando comparado o conhecimento sobre métodos contracetivos tendo em consideração a escola, registaram-se diferenças, estatisticamente, significativas (p = 0,000) tendo-se verificado que os alunos da ESSaúde detinham um nível de conhecimento mais elevado. Considerando a idade, pôde constatar-se a inexistência de diferenças no conhecimento acerca dos métodos contracetivos. (p = 0,016).
Quanto às atitudes face ao parceiro e face a si próprio, estas são mais positivas no grupo dos indivíduos do género feminino (p = 0,008). No caso do estado civil, verificou-se a ausência de diferenças, estatisticamente, significativas (p = 0,694) nas atitudes face aos métodos contracetivos. Registou-se a existência de diferenças nas atitudes face aos métodos contracetivos quando a escola de origem é tida em consideração (p = 0,002). Os alunos da ESAgrária e da ESSaúde mostraram ter atitudes mais positivas. Considerando a idade, pôde constatar-se a inexistência de diferenças nas atitudes face aos métodos contracetivos (p = 0,304).
Quanto ao estudo da correlação entre o conhecimento e o uso adequado dos métodos contracetivos verificou-se que é, estatisticamente, significativa (p = 0,033). No entanto, a correlação é fraca (0,115).
Conclusões
O conhecimento e a informação da sexualidade entre os jovens têm sido limitados por algumas sociedades. No entanto, devido ao desenvolvimento tecnológico relativo aos métodos contracetivos e os avanços no âmbito da saúde sexual, a informação disponibilizada é uma das melhores formas de aderir a um programa de prevenção. Daí que a orientação contracetiva deva consistir num trabalho educativo baseado na informação e conhecimento corretos e credíveis sobre a saúde sexual.
As conclusões que podemos retirar dos resultados obtidos permitem-nos verificar que os alunos do IPB não aceitam correr riscos no que toca à sexualidade. Este facto pode derivar de já terem beneficiado de alguma educação sexual, mesmo que esta tenha sido meramente informal.