A necessidade de transferir doentes entre instituições de saúde é
um assunto incontestavelmente atual.
Objetivos: Caraterizar o tipo de acompanhamento dos doentes sujeitos a transporte
inter-hospitalar.
Métodos: Estudo transversal retrospetivo, de abordagem quantitativa. A amostra
foi constituída por 184 doentes oriundos de um Serviço de Urgência do Nordeste de
Portugal, sujeitos a transporte inter-hospitalar via terrestre com acompanhamento
da equipa própria do serviço entre novembro 2015 e outubro de 2016. A recolha de
dados decorreu durante o mês de março de 2017 e foi feita através da folha de
registos de transporte inter-hospitalar do serviço. Foram respeitados os princípios
da Declaração de Helsínquia e obtida autorização da Instituição para realizar o
estudo.
Resultados: Do total dos doentes transferidos, 58,7% era do género masculino,
33,2% com idades entre os 71-80 anos. Relativamente ao diagnóstico clínico, 31,5%
dos doentes apresentavam diagnóstico de doença neurológica e 27,7% de doença
cardiovascular. A especialidade de medicina interna foi responsável por 69% das
transferências. Os principais motivos de transferência foram a observação por
especialista (38%) e a realização de intervenções terapêuticas (37%). Verificou-se
que 15,8% dos doentes apresentaram score de risco entre 0-2 pontos, 45,7%
apresentaram score entre 3-6 pontos, 18,5% tiveram score ≥7 pontos e 20,1%
tiveram score <7 pontos e item com pontuação 2. Foram acompanhados por
enfermeiro 77,2% e por médico e enfermeiro 22,8%. Registaram-se 30
intercorrências categorizadas em disfunções respiratórias 36,7% (11), disfunções
hemodinâmicas 40%(12) e outros 23,3% (7).
Conclusão: Os diagnósticos clínicos mais prevalentes nos doentes transferidos
foram a doença neurológica e a doença cardiovascular. A especialidade médica de
medicina interna foi responsável pela maioria dos transportes realizados. Os
motivos mais frequentes de transferência foram a observação por especialista e a
realização de intervenções terapêuticas. Os doentes com score de risco mais elevado
foram acompanhados maioritariamente por médico e enfermeiro.