Resultados da implementação da via verde do acidente vascular cerebral num hospital do Norte de Portugal
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As doenças cerebrovasculares são uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Nos últimos anos, novas terapêuticas, tais como a fibrinólise, têm sido usadas para tratar o Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico na sua fase aguda. A fibrinólise reduz a mortalidade e a incapacidade após um AVC isquémico, e seus benefícios estão documentados com um nível de evidência A (1). Este tratamento é tempo-dependente e requer a implementação de protocolos para melhorar os tempos de atendimento no AVC (2, 3). O principal objetivo deste trabalho consistiu em analizar os resultados do protocolo da Via Verde do AVC no serviço de urgência médico-cirúrgica da Unidade Local de Saúde do Nordeste no período de 2010 a 2016.
Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu todos os doentes com AVC isquémico, AVC hemorrágico e Acidente Isquémico Transitório (AIT) admitidos no serviço de urgência durante os sete anos em análise. Colheram-se dados demográficos, tempos assistenciais e outras variáveis clínicas através dos registos eletrónicos. Estudaram-se todas as ativações do protocolo da Via Verde do AVC e o diagrama de fluxo dos doentes. A análise estatística foi realizada para um nível de confiança p<0,05.
Resultados: Foram admitidos 1200 doentes com doença cerebrovascular, apresentando: AVC isquémico 63,0%, AVC hemorrágico 17,3% e AIT 19,8%. A Via Verde do AVC foi ativado 431 vezes, cobrindo 37,3% (n= 282) dos casos de AVC isquémico, sendo que fizeram fibrinólise 18,4% (n= 52) desses doentes. O tempo médio porta-agulha foi de 69,5 minutos. A nível neurológico verificou-se uma melhoria na escala NIHSS (National Institutes of Health Stroke Scale) com pontuações médias de 14,8 (±5,2) antes do tratamento, diminuindo para 11,8 (±5,9) duas horas após fibrinólise (p <0,05).
Conclusão: O tratamento precoce é determinante para o tratamento do AVC. Obtivemos uma taxa elevada de ativação da Via Verde, mas apenas 52 doentes realizaram fibrinólise dentro da janela terapêutica. A avançada idade dos doentes com patologia isquémica (78,6±10,7 años), a elevada presença de comorbilidades, e a sua procedência maioritariamente do meio rural, poderão ter influênciado a janela terapêutica e os critérios de inclusão/ exclusão para fibrinólise. A melhoria contínua dos processos de notificação pré-hospitalar, o desenvolvimento de sistemas de telemedicina e, acima de tudo, o trabalho em equipe e a boa comunicação interdisciplinar constituem estratégias que, em nosso entender, poderão favorecer a assistência emergente e segura ao paciente com AVC. Neste domínios, os profissionais de enfermagem constituem elementos-chave na implementação de medidas conducentes à melhoria dos cuidados.