Este é o século mais solitário que a
Humanidade já conheceu. (Hertz,
2021). Num estudo internacional feito em 2019, nos Países Baixos, quase um
terço dos adultos admite ser solitário e um
em cada cinco millennials (nascidos entre
1980 e 2000) nos Estados Unidos diz não
ter amigos.
Se a situação é transversal a todos as
idades, é especialmente sentida nos mais
velhos (do mesmo estudo 60% dos utentes
dos lares de idosos nos Estados Unidos não
têm visitantes, e no Japão, idosos cometem
pequenos crimes só para serem presos e,
deste modo, terem interação com outras
pessoas). O impacto da solidão na velhice traduz-se
num desejo profundo de se sentir entendido
e compreendido. A afirmação “na velhice, a
solidão pesa, mata” (Barreto,
1992, p. 30) exprime com fidelidade as queixas dos idosos.
Para esta autora, em muitas
circunstâncias, a solidão passa
a constituir um estado, uma maneira de ser,
ultrapassando o nível do sentimento.
A ausência de outros e a impossibilidade
de chegar até eles podem causar uma dor
extremamente profunda, assim como olhar
para o que se perdeu e admiti-lo como irrecuperável, tudo isto aumenta o sentimento
de solidão. É muito importante que o idoso
não caia numa autorreclusão, não se feche
num ciclo de solidão, que só agrava o seu
estado de isolamento e apatia.