Efeito de longo prazo de um coberto de leguminosas semeadas em olival de sequeiro na fertilidade do solo, no estado nutricional das plantas e na produção de azeitona
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O uso de coberturas vegetais em olivais tradicionais de sequeiro continua a não ser
uma opção dos olivicultores transmontanos. A maior parte dos produtores continua a
mobilizar os seus olivais e um grupo restrito, ainda que progressivamente crescente, utiliza
herbicidas. De facto, apesar das vantagens reconhecidas às coberturas vegetais,
designadamente no controlo da erosão hídrica e no incremento da matéria orgânica do solo,
os cobertos vivos são difíceis de gerir e tendem a reduzir a produção de azeitona devido à
competição da vegetação herbácea pela água. A utilização de cobertos vegetais de
leguminosas semeadas de ciclo curto pode introduzir algo mais que os cobertos vegetais de
vegetação natural e facilitar a adoção da tecnologia por parte dos produtores. As leguminosas
conferem igual proteção contra a erosão do solo, introduzem matéria orgânica e fixam azoto,
sendo este último aspeto determinante para a redução dos custos de produção e para
viabilizar o modo de produção biológico. Se forem escolhidas espécies de ciclo curto, o efeito
sobre a competição pela água é reduzido.
Neste trabalho comparam-se três tratamentos de gestão do solo, designadamente: um
coberto de leguminosas anuais de ressementeira natural (11 espécies/variedades); um
coberto de vegetação natural fertilizado com 60 kg N ha-1 ano-1; e um coberto de vegetação
natural sem fertilização. Apresentam-se resultados de produção de azeitona de cinco
colheitas (desde o ano da instalação do ensaio até ao quarto ano de gestão dos cobertos), do
estado nutricional (em particular azotado) das oliveiras ao longo dos quatro anos de ensaio e
da fertilidade do solo no fim desses quatro anos.
Os resultados mostram um efeito favorável do coberto das leguminosas semeadas na
fertilidade do solo e no estado nutricional das árvores, mesmo comparado com o talhão em
que se aplicaram 60 kg N ha-1 ano-1. As produções foram sendo progressivamente mais
elevadas ao longo dos anos no talhão de leguminosas semeadas. Os totais acumulados em
cinco colheitas foram 85,1, 68,6 e 54,6 kg azeitona por árvore, respetivamente nos
tratamentos leguminosas semeadas, vegetação natural com N e vegetação natural sem N.