“Classificar objetos é uma prerrogativa humana baseada na capacidade da mente de conceptualizar
e reconhecer a presença de propriedades similares em objetos individuais. Propriedades e classes são
abstrações1 relacionadas entre si: quando uma propriedade é atribuída a um objeto, então o objeto
torna-se membro de uma classe particular definida por aquela propriedade”, explica W. V. Quine (1987).
Classificar organismos, ecossistemas, sinais, formas, estruturas, comportamentos é, então, uma
capacidade inata2 que a mente humana realiza, geralmente, de forma involuntária e sem esforço. As
classes caracterizam-se por um dado conjunto de propriedades; a presença dessas propriedades agrega
objetos a classes. Cada classe tem a si associado um conceito3 formalizado pelas suas propriedades.
Atribuir um nome científico, de qualquer categoria (e.g. espécie e família), a uma planta, i.e.
outorgar uma planta a uma dada classe – a um dado taxon (vd. Conceitos e objetivos da taxonomia) –
envolve o reconhecimento da presença de um conjunto de propriedades. O mesmo acontece quando se
aplicam nomes vulgares. Identificar uma planta com o nome Prunus avium, ou «cerejeira», pressupõe
que se trata de uma de árvore de tronco acinzentado que se destaca por tiras horizontais, com folhas
serradas, flores completas de pétalas brancas e estames indefinidos, polinizada por insectos, que produz
frutos comestíveis, e por aí adiante. Uma planta cabe no conceito de P. avium – uma classe de
organismos vegetais com a categoria de espécie – quando nela se reconhecem as propriedades de ser
Prunus avium. Os nomes científicos ou vulgares são uma expressão sintética de um conjunto de
propriedades que se consubstanciam num conceito; um nome por si só de pouco vale.