Efeitos da preparação do terreno para instalação de povoamentos florestais na modificação espacial e vertical de propriedades físicas e químicas do solo
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Em Portugal, grande parte da área florestal ou com essa aptidão, assenta em solos com elevado conteúdo de elementos grosseiros, baixo teor em matéria orgânica e reduzida espessura efectiva, pelo que é frequente recorrer a técnicas de preparação do terreno de forma a minorar essas limitações e aumentar o sucesso da instalação de espécies florestais. A armação do terreno em vala e cômoro é uma técnica muitas vezes utilizada e existem estudos que a indicam como a mais adequada na preparação do terreno em áreas com aptidão florestal na Região Mediterrânica. A armação do terreno em vala e cômoro gera faixas de solo com diferente intensidade de mobilização podendo considerar-se duas situações distintas: linha de plantação (zona mais perturbada pelo mobilização) e entre linha de plantação (zona menos perturbada pela mobilização). Com este trabalho pretende-se avaliar o efeito da armação do terreno em vala e cômoro na distribuição espacial e vertical de propriedades físicas e químicas do solo na linha de plantação (LP) e na entre linha de plantação (EL) imediatamente após a instalação de povoamentos mistos de Pseudotsuga menziesii (PM) e Castanea sativa (CS). Com esse propósito, procedeu-se à observação de 24 perfis de solo (12 na LP e 12 na EP) e à análise de amostras colhidas nas profundidades 0-20, 20-40 e 40-60 cm. A fim de reduzir o efeito da variabilidade na comparação das situações LP e EP recorreu-se ao cálculo de índices de enriquecimento (IE) através da razão: IE = valor da propriedade obtido na LP/valor da propriedade obtido na EL. Sempre que os IE são superiores à unidade significa que ocorreu um enriquecimento da propriedade em análise em LP. Comparativamente à EL, a LP apresenta um acréscimo da espessura efectiva de 15 a 30 cm, redução da massa volúmica aparente, aumento do teor de argila e maior homogeneidade da distribuição das partículas areia, limo e argila em profundidade. No que respeita às propriedades químicas, registou-se uma redução do teor de carbono e azoto na camada mineral superficial (0-20 cm) na LP, e valores superiores nas restantes camadas. Nos primeiros 40 cm de solo os teores de fósforo e potássio extractáveis, a soma de bases de troca e o grau de saturação em bases tendem a ser superiores na LP e, ao contrário, inferiores na camada mais profunda (40-60 cm). De um modo geral, a armação do terreno em vala e cômoro contribuiu para a melhoria de diversas propriedades do solo na LP, o que pode ter um papel decisivo no estabelecimento e desenvolvimento de espécies florestais na Região Mediterrânica.