Avaliação directa, em plataforma de força, do equilíbrio estático de idosos
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Os distúrbios do equilíbrio em idosos representam um problema crescente de saúde pública devido à sua relação com quedas e lesões associadas (Kalisch et al., 2011). A complexidade do sistema de equilíbrio (interacção entre proprioceptivo, visual e vestibular) exige uma abordagem multidisciplinar completa para a avaliação e tratamento bem sucedido (Matsumura et al., 2006). O sistema vestibular detecta as acelerações lineares e angulares enquanto o sistema proprioceptivo recebe múltiplas informações que permitem perceber a posição e a velocidade de todos os segmentos corporais, o seu contacto com objectos externos, como o chão, e a orientação da gravidade. Às informações visuais acrescem as características externas do ambiente (Teixeira et al, 2010). O sistema vestibular detecta o movimento da cabeça no espaço e, por sua vez, gera reflexos que são cruciais para as actividades diárias, tais como a estabilização do eixo visual e a manutenção da postura da cabeça e do corpo (Sturnieks et al., 2008).
Desenhou-se um estudo descritivo com o objectivo de avaliar de forma directa e caracterizar o equilíbrio de pessoas idosas bem como realçar a importância do sistema vestibular no equilíbrio desta população.
O equilíbrio postural estático foi avaliado numa plataforma de força Metitur® em quatro tipos de teste com 30 segundos de duração cada um:
1. – normal de pé com olhos abertos;
2. – normal de pé com os olhos fechados;
3. – de pé sobre almofada com os olhos abertos;
4. – de pé sobre almofada com os olhos fechados.
Foram calculadas três variáveis, para o equilíbrio, a partir do movimento do centro de gravidade para cada um dos testes de equilíbrio estático em pé:
1. – velocidade de oscilação antero-posterior (eixo x);
2. – velocidade de oscilação médio-lateral (eixo y);
3. – velocidade do momento (primeiro momento da velocidade, calculado com a média da área abrangida pelo movimento do centro de gravidade durante cada segundo do teste, tendo em conta a distância do ponto médio geométrico do teste e a velocidade do movimento durante o mesmo período).
Foram avaliados 49 idosos (42 mulheres e 7 homens) com idade média de 68,73 ± 9,39 anos e com um IMC de 28,63 ± 4,77.
Estabelecendo correlações, observou-se que a idade está positivamente correlacionada com diferentes tipos de avaliações em almofada: velocidade média do eixo x em pé sobre almofada com os olhos abertos (0358 *, p = 0,011), com velocidade média do eixo y em pé sobre almofada com os olhos abertos (0419**, p = 0,002), com velocidade média do eixo x em pé sobre almofada com os olhos fechados (0331*, p = 0,02) e com a velocidade média do eixo y em pé sobre almofada com os olhos fechados.
Comparando os indivíduos estudados com valores de referência para a mesma idade e sexo (Era et al., 2006), podemos observar que nossos sujeitos alcançaram melhores resultados (menos velocidade) em ambos os eixos "x" e "y".
Tendo em conta os resultados nas diferentes provas, o programa informático da plataforma atribui uma classificação para a importância dos diferentes sistemas envolvidos no equilíbrio. O sistema vestibular é responsável, por si só, por 55,19% do equilíbrio dos indivíduos estudados.
Quando se divide a amostra em 2 grupos etários (inferior e superior a 70 anos) as diferenças são significativas e corroboram os estudos de Sihvonen (2004) que afirma que com a idade aumenta significativamente tanto a oscilação antero-posterior e médio-lateral como a velocidade do momento.
Os sujeitos avaliados obtiveram melhores resultados relativamente aos valores de referência para indivíduos da mesma idade e do mesmo sexo. Apresentam também maior oscilação com a idade nos testes efectuados em almofada com os olhos abertos e fechados, quer no eixo x quer no eixo y, o que significa que o sistema vestibular tem um papel preponderante no equilíbrio dos idosos avaliados.