Coberturas vegetais: estratégia decisiva na gestão sustentável dos olivais de sequeiro
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Trás-os-Montes mantém um setor olivícola de sequeiro que envolve mais de 36 000
produtores e uma área cultivada de 70 000 ha. É um setor resiliente, que resiste ao
abandono contra todas as probabilidades. As baixas produtividades, a estagnação
dos preços do azeite nos mercados e o aumento dos fatores de produção são
mitigados com uma estrutura de custos reduzida e mão-de-obra familiar que não é
considerada nos custos de cultura. Grande parte dos pequenos produtores tem
outras atividades profissionais, sendo a olivicultura um complemento à economia
familiar, levada a cabo nas férias e fins de semana. A maior ameaça efetiva à
sustentabilidade é a perda progressiva da fertilidade dos solos.
A maior parte dos olivais de sequeiro, sobretudo os que foram plantados após a
generalização dos adubos comerciais, encontram-se instalados em solos de meia
encosta e, por vezes, de declive acentuado. Estes solos apresentam fertilidade
natural muito baixa, limitada por uma espessura efetiva muito reduzida devido a
um processo contínuo de erosão. A única forma de inverter esta situação é através
da introdução de práticas culturais que limitem a erosão e promovam a fertilidade
do solo. Na prática, a gestão do solo através de mobilizações, que presentemente
se encontra ainda generalizada, deve ser substituída pela introdução de cobertos
vegetais. No caso dos olivais de sequeiro devem usar-se leguminosas anuais de
ciclo muito curto, que protejam o solo, introduzam matéria orgânica e compitam
pouco com as árvores, sobretudo pela água.
Estas orientações resultam de 18 anos de trabalho de investigação realizado no
Centro de Investigação de Montanha e são baseadas em vários ensaios de longa
duração conduzidos em olivais de sequeiro da região. Os resultados encontram-se
publicados em mais de três dezenas de artigos científicos e técnicos, alguns dos
quais escritos em português e em linguagem acessível à generalidade dos
olivicultores.