O Parque natural de Montesinho (PNM) localiza-se no extremo nordeste de Portugal
e apresenta uma área total de 75 mil ha, dos quais cerca de um terço estão cobertos
por matos. Os solos do PNM são predominantemente Leptossolos derivados de xisto.
O fogo é parte dos sistemas florestais como fator de controlo da vegetação,
produzindo impactos nas propriedades do solo. O presente estudo decorreu no PNM,
numa área de cerca de 5 ha coberta de matos, submetida a fogo controlado no
âmbito do plano de gestão florestal. Teve como principal objetivo avaliar os efeitos do
fogo no processo erosivo e na permeabilidade do solo. Na área em estudo a
vegetação era constituída (antes do fogo controlado) por urze (44%), esteva (26%) e
carqueja (30%). Após fogo a carqueja e a urze arderam quase por completo,
enquanto a esteva revelou grande resistência ao fogo. A permeabilidade foi analisada
em 11 locais distribuídos aleatoriamente, sendo as medições realizadas em
momentos distintos, antes, imediatamente após, dois e oito meses depois da
ocorrência do fogo, registando uma evolução temporal ao longo do ensaio explicável
por efeitos associáveis à hidrofobicidade, comum nos solos de áreas recentemente
ardidas, e a rearranjos estruturais ao nível dos bioporos do solo. Para quantificar o
escoamento e a perda de solo, foram instaladas 6 parcelas com 4 m2 cada. As
colheitas decorreram entre Abril de 2011 e Maio de 2012, resultando num
escoamento médio de 13 mm e numa perda de solo de 1,5 Mg ha-1 nesse período. Os
resultados, embora correspondendo a um período curto de observação, entende-se
contribuírem para a compreensão da sensibilidade potencial das áreas queimadas de
matos à degradação física dos solos.