Avaliação da ansiedade em estudantes de enfermagem Conference Paper uri icon

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  • A presença, prevista ou expectativa de situações emocionais consideradas como desagradáveis para o indivíduo quer no momento presente, quer no futuro, acarretam ansiedade. Os estudantes de enfermagem, como todos os estudantes do ensino superior, são confrontados com situações potenciadoras de pressão psicológica e ansiedade.
  • Ao longo do percurso académico o estudante é confrontado com situações geradoras de pressão psicológica e ansiedade (Melo Cruz, Pinto, Almeida & Aleluia, 2010). A ansiedade pode ser descrita como reação natural que impulsiona o ser humano a alcançar seus objetivos. Esse estado emocional pode tornar-se patológico e repercutir de forma negativa se vivenciado excessivamente e por longos períodos (Santos & Galdeano; 2009). De acordo com Melo, 2004, aqueles que mais apresentam crises de ansiedade são os melhores alunos, pois são eles que possuem maiores expectativas e são mais exigentes em relação ao seu desempenho escolar. Em 2004 Carvalho, Farah e Galdeano investigaram a ansiedade dos alunos de Enfermagem ao iniciar a prática de administração de terapêutica e verificaram que 90% dos alunos apresentaram um nível de ansiedade que interferia de forma negativa no seu desempenho. Pereira et al em 2006 afirmam que os distúrbios de ansiedade, tais como fobia social, ansiedade aos exames, ansiedade generalizada e outras perturbações de ansiedade, foram os diagnósticos mais frequentes das consultas de psicologia dos serviços de apoio psicopedagógico nos estudantes universitários. A presente investigação foi realizada com o objetivo de identificar o nível de ansiedade dos alunos de enfermagem, antes de realizar uma prova de avaliação. Foi efetuado um estudo descritivo e transversal de carater quantitativo em 41 alunos de uma turma do 2º Ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem. Foi aplicado um questionário constituído por questões de caracterização sociodemográfica, onde foram incluídas as variáveis género, idade, problemas de saúde, estilos de vida e nota e pela escala de Ansiedade de Hamilton (HAS-Hamilton Anxiety Scale). A colheita de dados decorreu em abril de 2013 antes da avaliação de uma unidade curricular. A amostra é constituída por 41 alunos do 2º ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem, maioritariamente feminina (78,05%), com idades compreendidas entre os 18 e os 36 anos. A grande maioria dos inquiridos (85,4%) não refere problemas de saúde. Relativamente aos estilos de vida 70,7 % praticam exercício físico, 26,8 % fumam e 13% dormem pouco ou tem dificuldade em adormecer. No que concerne aos resultados da prova de avaliação, as notas dos alunos aprovados (33 alunos) variam entre 11 e 18. Em relação à escala de ansiedade HAS a pontuação variou entre 3 e 40. Tendo sido classificados, no momento, com ansiedade ligeira 60,98 % dos alunos, com ansiedade ligeira a moderada 12,19%, com ansiedade moderada a severa 17,07 e com pontuações superiores a 30, traduzindo ansiedade forte a incapacitante 9,76%. Relativamente ao nível de ansiedade em relação à variável género, constatamos que em média o nível de ansiedade é superior no género feminino e com diferenças significativas. No que respeita à relação entre os níveis de ansiedade e a variável idade foi encontrado em média um valor mínimo de 3 aos 18 anos e o máximo de 34 aos 22 anos. Estas diferenças não são estatisticamente significativas. Na analise da variação do nível de ansiedade em relação aos problemas de saúde e estilos de vida, constatamos que em média, os valores são superiores no grupo que não refere problemas de saúde Naquele que pratica exercício físico, nos que fumam e naqueles que dizem não dormir bem As diferenças entre os grupos são estatisticamente significativas como nos comprova a aplicação do teste t . O nível de ansiedade em relação à variável nota de uma forma global é maior nos alunos com notas superiores. As diferenças apresentam uma significância estatística marginal (0,57). Em geral foram encontrados níveis elevados de ansiedade na amostra (41) de alunos do curso de Licenciatura em Enfermagem antes da prova, pois esta constitui fator determinante de ansiedade em estudantes Pereira (2009). O género feminino apresenta maior nível de ansiedade, estes resultados são corroborados por Pereira (2009) e Melo Cruz, Pinto, Almeida e Aleluia (2010). Em relação à idade não se verificaram diferenças estatísticas significativas. No entanto Pereira (2009) afirma que a idade constitui um fatores com relação no aparecimento da depressão e ansiedade nos estudantes do ensino Superior. Relativamente à variável problemas de saúde os valores são superiores no grupo que não refere problemas de saúde. As diferenças são estatisticamente significativas. Pereira (2009) refere que o humor deprimido e história prévia de depressão constituem fatores favorecedores de ansiedade e depressão. Foram também encontrados níveis de ansiedade superiores nos que praticam exercício físico, nos que fumam e naqueles que não dormem bem. Pereira (2009) faz referência à relação destes estilos de vida na saúde mental. Em relação ao resultado da avaliação, parecem verificar-se níveis de ansiedade superiores nos alunos com nota superior. Melo, Pinto, Almeida e Aleluia (2010) concluíram que os momentos de avaliação constituem verdadeiros fatores determinantes de ansiedade nos estudantes. Verificamos a existência de diferentes níveis de ansiedade em relação à variável género, problemas de saúde, estilos de vida e à avaliação. Novas investigações deverão ser feitas no sentido de perceber e identificar novas variáveis que afetam o estado emocional e com consequências no desempenho académico dos alunos. Um melhor conhecimento e compreensão dos sintomas envolvidos na ansiedade dos alunos de Enfermagem pode auxiliar na elaboração de estratégias específicas, que facilitem a identificação precoce e compreensão dos alunos em risco, com o objetivo de melhor o nível de desempenho académico e a sua qualidade de vida.

publication date

  • June 2014