Acidentes de trabalho em auxiliares de ação médica nas Instituições Públicas de Saúde Portuguesas
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Nas instituições de saúde trabalham inúmeras pessoas com profissões que enquadram diferentes condições de trabalho e que envolvem a exposição a vários fatores de natureza profissional, relacionados ou não com a prestação direta de cuidados. A evidência científica tem demonstrado que nestas instituições, os acidentes mais graves são mais frequentes nos trabalhadores que auferem menores salários, como auxiliares de ação médica, trabalhadores de lavandaria, cozinha ou os de serviços de apoio.
Caraterizar os acidentes de trabalho nos auxiliares de ação médica. Identificar as principais causas e repercussões dos acidentes de trabalho nos auxiliares de ação médica.
Estudo transversal retrospetivo. Definiram-se como critérios de inclusão ter acidente de trabalho notificado entre 2009-2010 e pertencer ao grupo profissional dos Assistentes Operacionais (Auxiliar de Ação Médica). A amostra ficou constituída por 3903 trabalhadores. A informação foi obtida através dos registos, anónimos, em base de dados em programa
Excel® da Administração Central do Serviços de Saúde, após autorização do presidente da Instituição. Os dados foram selecionados, transportados e analisados, pelo número de identificação, no programa informático Statistical Package for Social Sciences versão 21.0 para Windows respeitando a confidencialidade.
Do total de 3903 acidentes 2014 (51,5%) verificaram-se no ano de 2010 e 1676 (42,9%) na ARS Lisboa e Vale
do Tejo. Foi mais acometido o género feminino 3363 (86,2%), o grupo etário 50-54 anos 679 (17,5%), os trabalhadores
com escolaridade até ao 9º ano 3058 (78,3%) e os que possuíam tempo de serviço superior a 10 anos 1 781 (45,6%). Nos serviços de internamento registaram-se 1326 (34,0%) acidentes, realçando-se o serviço de medicina com 378 (9,4%) e média ocorreram às 12,05 horas. A ação da lesão mais frequente foi a queda do trabalhador 1 122 (28,7%) seguida dos esforços
excessivos/movimentos inadequados 1 016 (23,0%). O tipo de lesão mais prevalente foi o entorse/distensão 875 (32,4%) e a parte do corpo mais atingida foi as mãos 1 052 (27,0%). Resultaram em absentismo laboral 2066 (52,9%), perderam-se 72956 dias de trabalho correspondendo a uma média de 34,2 dias.
Neste estudo observou-se alta frequência de acidentes de trabalho no género feminino, em pessoas mais velhas, com baixo nível de escolaridade, por quedas, por entorses/distensões provocando elevado absentismo laboral.
Sugere-se a implementação de estratégias de intervenção e monitorização, por parte dos serviços de saúde ocupacional e alterações organizacionais, no local de trabalho, adequando as condições de trabalho às características e circunstâncias de vida destes trabalhadores bem como às exigências das suas tarefas, com o objetivo de diminuir os acidentes de trabalho.
Evidencia-se a escassez de estudos epidemiológicos e o desenvolvimento de políticas promotoras da saúde laboral neste grupo profissional.