Implementação de um programa de reabilitação respiratória domiciliária programa DPOC – respire qualidade de vida (resultados preliminares)]
Conference Paper
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A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), caracterizada por uma obstrução brônquica persistente, é uma doença com grande representação a nível mundial, subestimada e sub-diagnosticada. Uma vez que provoca danos irreversíveis, acarreta pesados custos económicos e sociais (Rizzi et al., 2009).
A prescrição de oxigenoterapia domiciliária é frequentemente uma necessidade terapêutica do utente com DPOC uma vez que está associada a uma menor incidência de complicações e a uma redução das hospitalizações (Direcção-Geral da Saúde, 2011). Sabe-se actualmente que a Oxigenoterapia de Longa Duração (OLD), realizada por mais de 15horas diárias aumenta consideravelmente a esperança de vida destes utentes (NHS-NICE, 2011). No entanto, devido ao défice nos autocuidados bem como ao número elevado de horas que estes utentes ficam dependentes da oxigenoterapia no domicílio, estes vêem-se muitas vezes limitados na sua qualidade de vida.
Integrada no tratamento individualizado do doente, a reabilitação respiratória do doente com DPOC deve ser, segundo a Direcção-Geral da Saúde (2009), delineada para atenuar os sintomas, melhorar a funcionalidade, aumentar a participação social e reduzir custos de saúde através da estabilização ou regressão das manifestações da doença.
Após a constatação de ausência de cuidados de reabilitação respiratória dirigida a estes utentes, e tendo em conta o exposto anteriormente bem como a dispersão geográfica do concelho e a dificuldade no acesso a transportes públicos por parte destes utentes, foi criado na Unidade de Cuidados na Comunidade de Carrazeda de Ansiães (UCC-CA) o projecto “DPOC – Respire Qualidade de Vida”.
Através da visitação domiciliária aos utentes com DPOC com prescrição de oxigenoterapia domiciliária este projecto tem como objectivos gerais:Promover ganhos em independência, em pelo menos um dos autocuidados;
Estimular a correcta gestão do regime terapêutico e medicamentoso.
Este projecto, com início em Abril de 2011, é desenvolvido por uma Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER) da UCC em articulação com a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP).
Foram identificados os 14 utentes com DPOC diagnosticado, com necessidade de oxigenoterapia no domicílio. Organizaram-se 4 grupos de acordo com a proximidade geográfica.
Durante 15 sessões de reabilitação respiratória no domicílio são ensinados/treinados exercícios respiratórios, gestão do regime terapêutico, técnicas de conservação de energia e fortalecimento muscular, com uma frequência de 2 sessões por semana. São também efectuados ensinos sobre factores de risco, factores exacerbantes e eliminação de barreiras arquitectónicas.
Todos os ensinos são efectuados na presença do prestador de cuidados.
A todos os utentes são feitas avaliações bimestrais com a escala London Chest Activity of Daily Living (LCADL) e a escala Euro Qol, bem como Índice de Massa Corporal, Tensão Arterial e Frequência Cardíaca. Durante o período em que decorrem as sessões de reabilitação respiratória é também avaliada a saturação periférica de oxigénio (no início e no final de cada sessão) e o volume expiratório, com recurso ao peak flow meter (no final de cada sessão).
Foi feita uma avaliação inicial aos 14 utentes, 12 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, com idade média de 70,28±11,50 anos. As mulheres apresentam uma média de 81,5±7,77anos e os homens uma média de 68,41±11,14 anos.
A média de anos de DPOC diagnosticado situa-se nos 15,71±10,19 anos. A média de anos de tratamento com oxigenoterapia é de 6,28±4,14 anos.
Do grupo de intervenção (14) já completaram o programa de reabilitação respiratória 6 utentes (2 grupos).
Relativamente a estes dois grupos, verifica-se um aumento do valor médio de saturação periférica de oxigénio no momento de avaliação final (96,1%±1,32%) comparativamente com o momento de avaliação inicial (94,1%±1,9%).
Observando a média do volume expiratório avaliado através do peak flow meter constata-se também um aumento dos valores médios, quando comparadas as avaliações inicial e final (123L/min±43,2L/min e 265L/min±65,5L/min, respectivamente).
Na avaliação da LCADL, o item no qual se verificou maior “sensação de falta de ar” na avaliação inicial foi o “inclinar-se” com média de 3,5±1,25. Na avaliação final obteve-se uma média de 3,0±1,54.
Da avaliação resultante da Euro Qol verifica-se que os utentes referiam uma melhoria do seu estado de saúde com o decorrer das sessões de reabilitação respiratória (avaliação inicial com média de 4,67±0,51 e avaliação final com média de 5,16±0,75).
O presente projecto ainda se encontra na fase inicial, prevendo-se que em Janeiro de 2012 já todos os utentes tenham sido abrangidos pelas sessões de reabilitação respiratória. Uma vez que se encontra inserido no plano de acção da UCC-CA, continuará a ser desenvolvido até 2014. Assim, todos os utentes terão oportunidade de integrar o projecto durante este período, repetindo o programa de reabilitação respiratória periodicamente.
Apesar dos resultados ainda pouco conclusivos, e tratando-se a DPOC de uma doença crónica, irreversível e incapacitante, espera-se que as intervenções se traduzam em ganhos em qualidade de vida, reduzindo ou mesmo evitando as agudizações da doença e consequentemente travando o agravamento do estado geral dos utentes.