Cada vez mais a doença crónica é uma realidade revelando uma importância acrescida em termos de saúde pública pois, devido à sua irreversibilidade, tem repercussões na vida da pessoa: pessoais, socioeconómicas, psicológicas e espirituais, o que implica sem dúvida grande sofrimento. Valores humanistas altruístas devem ser a base dos profissionais que cuidam.
Ajudar os profissionais de saúde à reflexão sobre o sofrimento do doente crónico, nomeadamente: ilustrar as fontes e as formas de sofrimento na doença crónica; e esclarecer quais as principais intervenções junto à pessoa em sofrimento.
Revisão da literatura, tendo por finalidade identificar o estado da arte sobre a temática. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica existente desde 2010, online, baseada em livros, Dissertações de Licenciatura, de Mestrado, de Doutoramento e artigos disponíveis, tendo utilizado as palavras-chave: doença crónica, cuidados continuados e paliativos, sofrimento na doença.
Resultados: Seleção de 11 referências bibliográficas que contextualizam diretamente a temática a estudar.
Segundo os vários autores, doença crónica “é uma doença de duração prolongada e progressão lenta e descreve quadros crónicos como sendo problemas de saúde que exigem tratamento continuado ao longo de um período de anos ou décadas”. Sofrimento é um “estado de desconforto severo associado a uma ameaça à integridade da sua pessoa como ser biopsicossocial, envolvendo a construção de significados profundamente pessoais, acompanhados de uma forte carga afetiva e que são passíveis de modificar esse sofrimento”. Dor e sofrimento não são a mesma coisa, podendo existir sofrimento sem dor e vice-versa. Gera reações variadas dependendo do significado atribuído à “ameaça” e do contexto em que a pessoa se encontra inserida.
As Fontes de Sofrimento encontradas foram: Perda da autonomia e dependência de terceiros; Sintomas mal controlados; Alterações da imagem corporal; Perda de sentido da vida; Perda da dignidade; Perda de papéis sociais e de estatuto; Perda de regalias económicas; Alterações nas relações interpessoais; Modificação de expectativas e planos futuros e Abandono. As Formas de Sofrimento foram: Sofrimento Espiritual; Sofrimento Psicológico (Emocional ou Mental); Sofrimento Relacional (Social ou Familiar); Sofrimento Físico. As Intervenções Junto à Pessoa em Sofrimento devem incidir sobre os seguintes aspetos: Controlo dos sintomas- devendo recorrer-se tanto a medidas farmacológicas como não farmacológicas; Comunicação adequada- Escutar sem julgar e avaliar a linguagem não-verbal bem como as reações emocionais; Apoio à família- Avaliar as suas necessidades, realizando conferências familiares. É importante a sua validação dos cuidados prestados. Importa não esquecer eventuais conflitos passados e não resolvidos, não julgando estas relações; Trabalho em equipa- Intervir na dignidade e no sentido da vida.