Resiliência em enfermeiros: inaudita capacidade de construção humana
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A resiliência tem sido investigada há décadas, analisando-se este fenómeno de diferentes
perspetivas: psicanalítica, desenvolvimental e comportamental. A resiliência, está associada às
premissas: o enfrentamento de uma situação adversa; e, uma resposta positiva face ao sofrimento
causado. Assim, a resiliência não é um catálogo de qualidades que um indivíduo possui, sendo sim,
um processo de dinâmica interativa com os contextos que nos rodeiam ao longo do ciclo vital. No
campo da saúde os profissionais lidam com desafios e adversidades diárias, emergindo assim a
necessidade de conhecer e desenvolver a resiliência. Objetivou-se: identificar os níveis de resiliência
e os traços de personalidade dos enfermeiros; e, relações entre as variáveis socioprofissionais e as
dimensões sob estudo. Trata-se de um estudo exploratório, transversal, descritivo, correlacional e
inferencial. Amostra de 232 enfermeiros: 186 (80.2%) do sexo feminino; 149 (64.5%) com mais de
cinco anos de tempo de serviço. Utilizou-se um questionário online, constituído por duas partes:
questões socioprofissionais; a Escala de Resiliência Connor-Davidson, questionário de autorrelato
de 25 itens, medindo a resiliência numa escala de 25 a 100; e o Big-Five Inventory (BFI-44),
medindo os cinco grandes traços de personalidade: Extroversão, Amabilidade, Conscienciosidade,
Neuroticismo, e Abertura para Experiências. Os valores de resiliência são ligeiramente acima
da média teórica (M=68.63; DP=19.466). Os traços de personalidade: Extroversão (M=3.55;
DP=.613); Amabilidade (M=3.95; DP=.504); Conscienciosidade (M=3.95; DP=.531); e Abertura
(M=3.43; DP=.620), pontuam igualmente acima da média e a dimensão neuroticismo, pontua
abaixo (M=2.43; DP=.504). Identificaram-se correlações positivas, moderadas e estatisticamente
significativas, entre todas as dimensões sob estudo, com exceção do traço de personalidade
neuroticismo, que apresenta correlações negativas e fracas, estatisticamente significativas, com as
restantes dimensões. Testes de Mann-Whitney revelaram diferenças estatisticamente significativas
para a dimensão extroversão, para a variável Sexo, pontuando valores superiores os respondentes
do sexo masculino. Do presente estudo, concluímos que esta amostra de enfermeiros apresenta
níveis de resiliência ligeiramente acima da pontuação média teórica, mas abaixo do que
vários estudos apontam para populações similares. Podemos assim, afirmar que se justifica a
implementação de programas de desenvolvimento de resiliência, devendo ser realizados logo na
fase de formação académica dos futuros enfermeiros.