Sobre os descontos/prémios dos fundos de investimento fechados, no contexto da teoria do sentimento do investidor Conference Paper uri icon

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  • A existência dos descontos/prémios nos fundos de investimento fechados, embora um tema amplamente estudado, continua a intrigar quer académicos quer práticos. Eles resultam da diferença entre o valor das acções do fundo, determinado pelo mercado, e o seu valor patrimonial líquido (valor de mercado, líquido das obrigações financeiras, dos activos que compõe a carteira do fundo). Como as acções do fundo, tal como os activos que compõem a sua carteira, são transaccionados em Bolsa, seria de esperar, pelo menos numa situação de equilíbrio de mercado, que este se encarregasse de ajustar e corrigir os seus preços, nivelando-os, tanto mais que a respectiva informação é amplamente divulgada. Na tentativa de explicar este “puzzle” foram propostas algumas teorias. Por um lado, as que se baseiam em factores ditos racionais (também conhecidas por tradicionais), tais como: as obrigações fiscais potenciais por ganhos de capital não realizados, a política de dividendos, a composição da carteira do fundo, custos de agência e “performance” da gestão, entre outros e, por outro, as que se baseiam em factores comportamentais, como é o caso da teoria do sentimento do investidor. Apesar de nenhuma destas abordagens conseguirem reunir o consenso de todos os investigadores no assunto, a segunda abordagem parece, no nosso entender, explicar melhor quase todas “as peças do puzzle”. Esta procura não só explicar a existência de descontos mas também a de prémios e o seu comportamento entre fundos e ao longo do tempo (aspectos que nem sempre as teorias tradicionais conseguiam explicar). Neste contexto, desenvolvemos a nossa pesquisa procurando explicar a existência e persistência dos descontos/prémios. Investigamos também a correlação entre os descontos/prémios dos diversos fundos e de cada um ao longo do tempo; a reversão para a média dos descontos/prémios e da sua variação semanal, bem como o seu poder previsional sobre a rendibilidade das acções do fundo e do seu valor patrimonial líquido. Sendo também objectivo da pesquisa investigar acerca da relevância da teoria do sentimento do investidor para a explicação dos descontos/prémios, recorremos à metodologia de Brauer (1993) e ao procedimento de extracção de sinal de French e Roll (1986), efectuando ainda (e tanto quanto sabemos, pela primeira vez, para este efeito) uma análise dos dados em painel, para aferir quanto da variabilidade dos descontos/prémios se deve à presença de “noise traders”. Esta pesquisa teve por base uma amostra de 41 fundos de investimento fechados Norte Americanos, os quais investem principalmente em acções e/ou obrigações, transaccionados no NYSE ou no AMEX, durante o período de Janeiro de 1987 a Junho de 1999 (inclusivé), obtida através da base de dados da Wiesenberger. Constatamos que havia indícios da presença de “noise traders” no mercado de fundos fechados, parecendo confirmar-se os pressupostos da Teoria do Sentimento do Investidor testados: os descontos/prémios estavam positivamente correlacionados; apresentavam a característica de reversão para a média e possuíam algum poder previsional sobre a rendibilidade dos fundos mas nem tanto sobre a rendibilidade do seu valor patrimonial líquido. Verificamos ainda que, a proporção estimada da variância da variação semanal estandardizada dos descontos explicada pelo sentimento do investidor, no período total em estudo, foi apenas de 8.6%. Os resultados da análise dos dados em painel sugerem a relativa pouca importância da teoria do sentimento do investidor na explicação dos descontos/prémios.

publication date

  • January 1, 2006