Os programas de reabilitação cardíaca (RC), nas suas diferentes fases, permitem ao enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação (EEER), ter uma intervenção privilegiada no acompanhamento e cuidado à pessoa transplantada ao coração, desde a fase pré-operatória, no período de recuperação pós-operatório mediato e tardio. Contribui para a promoção da autonomia e autocuidado da pessoa e sua família, na adaptação à nova condição de saúde e no aumento da sua qualidade de vida, intervindo nas diversas alterações psicológicas e fisiológicas decorrentes do transplante, sendo a reabilitação cardíaca uma opção terapêutica vantajosa neste contexto. Objetivo: Analisar os ganhos em saúde potenciados pela Enfermagem de Reabilitação num Programa de Reabilitação cardíaca em domicílio. Estratégias/metodologia: Relato de caso de abordagem mista, com a integração de 7 casos. Foram incluídas Pessoas transplantadas ao coração que nunca integraram programa de reabilitação cardíaca (PRC), manifestando alterações na capacidade funcional. Foram definidas como variáveis as seguintes características dos doentes: tempo de transplante, idade, género e medidas antropométricas. Foram avaliados parâmetros fisiológicos como frequência cardíaca (FC), tensão arterial (TA), perceção subjetiva de esforço (PSE) pela escala de Borg modificada e teste de marcha de 6 minutos, em 2 momentos de consulta de seguimento, com 3 meses de intervalo. No primeiro momento, após avaliação foi prescrito PRC em modelo Home-based. Foram efetuados contactos telefónicos e por correio eletrónico para perceber as dificuldades sentidas, bem como nível de cumprimento do programa. A mensuração de resultados foi efetuada num segundo momento de contacto. Principais resultados: A integração no PRC proporcionou melhoria da capacidade de funcional, com 85,71% dos casos em estudo com incremento clinicamente significativo da distância no teste de marcha de 6 minutos, existindo uma melhoria da noção subjetiva de esforço em 57,14% das pessoas. Foram registadas melhorias do status dos diagnósticos de enfermagem comuns identificados, nomeadamente na Intolerância à atividade ausente; Autocuidado: atividade física não comprometido. Foi ainda registada melhoria do controlo de fatores de risco cardiovascular, como alimentação, stress, entre outros, todos os doentes alteraram parte do seu plano alimentar traduzindo-se em Adesão ao regime dietético não comprometida. No que se refere à qualidade de vida,100% dos doentes apresentam discursos favoráveis à melhoria da qualidade de vida relacionada ao programa e acompanhamento. Não foram verificados eventos adversos durante o programa. Conclusões: Neste estudo percebe-se que a participação em fase III de PRC é segura e traduz melhoria da capacidade funcional, maior capacidade de adesão ao regime dietético e controlo de fatores de risco cardiovascular, estando associada a discursos positivos da qualidade de vida.