Colocação de cateter venoso periférico em ambiente de práticas laboratoriais e sucesso da primeira punção em contexto real (ensino clínico/ estágio). Estudo realizado em estudantes de enfermagem
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A simulação é uma estratégia formativa que tem como objetivo principal melhorar competências clínicas. Na formação em enfermagem, pode ser útil quando desejamos aperfeiçoar técnicas que envolvam um certo risco para o paciente ou quando desejamos promover a confiança do aluno na execução de cuidados complexos. É o caso do procedimento invasivo, e como tal não livre de riscos, da inserção de um cateter em trajeto venoso para colheita de sangue, infusão contínua de fluídos ou administração intermitente de fármacos.
Este problema é um foco de investigação que temos vindo a seguir, considerando o presente trabalho a colocação de 168 acessos venosos periféricos por estudantes de enfermagem em ensino clínico.
Analisar a primeira punção venosa periférica com cateter realizadas em utentes do foro médico-cirúrgico por alunos de enfermagem em ensino clínico/estágio; descrevendo as dificuldades sentidas na execução da técnica, e relacionando o sucesso da mesma com o tipo de aulas práticas simuladas e orientadas, que os formandos previamente tiveram em ensino teórico-prático.
Entre os anos de 2009 a 2012 aplicámos um questionário estruturado sobre esta temática aos estudantes após término do Ensino Clínico I. Fomos norteados pela seguinte questão de investigação: A colocação de cateteres venosos periféricos em ambiente de aulas práticas simuladas influencia o sucesso da primeira punção no contexto real do ensino clínico? Trata-se de um estudo descritivo correlacional e de natureza quantitativa realizado na população de alunos da licenciatura de enfermagem da Escola Superior de Saúde de Bragança. Amostra predominantemente feminina (82,1%) com uma média de idades de 22 anos (22,12±3,95). Os formandos colocaram cateter venoso periférico pela primeira vez em serviços de cirurgia (33,3%), medicina (29,8%); ortopedia (11,9%) e especialidades médico-cirúrgicas (8,9%). A grande maioria referiu ter realizado a técnica acompanhado de profissional experiente (97,6%). A lavagem das mãos fez-se em 92,9% dos casos e utilizaram luvas protetoras 88,1%. O cateter mais utilizado (54,2%) foi o nº 20G. Os doentes puncionados apresentavam idades que variaram dos 21 aos 98 anos de idade (64,37±12,89). Verificámos que 72,6% dos alunos consideram ter tido sucesso na primeira vez que colocaram cateteres. A destreza manual foi a principal dificuldade relatada (19%), seguida da introdução do cateter (14,9%). Cerca de 81% dos estudantes fizeram simulação prévia da técnica, antes do Ensino Clínico, a grande maioria em braços de punção (n= 103) ou no membro superior de uma colega (n= 33).
Concluímos que dos 136 alunos que realizaram práticas simuladas orientadas em laboratório, 105 consideram que a primeira punção realizada em doentes teve sucesso. Por outro lado, dos alunos que não realizaram simulação da técnica (n=32) apenas 17 obtiveram sucesso. A associação entre as variáveis foi avaliada pelo teste qui-quadrado (X2= 7,555; gl= 1 p= 0,006). Concluímos que a prática simulada e orientada em ambiente laboratorial melhora o desempenho do aluno em ensino clínico, embora o tipo de simulação (braço ou simuladores de alta fidelidade) não pareça estar associado com o sucesso (X2= 2,820; gl= 1p= 0,093).