O presente trabalho baseia-se na utilização de métodos de análise multi-variada e da teoria da informação no estudo da ecologia de Trás-os-Montes e Alto Douro. Na primeira parte discutem-se as principais metodologias multi-variadas desenvolvidas até hoje, na segunda testam-se as possibilidades de aplicação de uma técnica simples de amostragem sistemática das principais variáveis ambientais, numa escala territorialmente ampla. Os resultados foram confrontados com anteriores sectorizações de carácter sintético, de âmbito regional ou nacional, descritas para Trás-os-Montes e Alto Douro. A informação ambiental, do tipo climático, fisiográfico e de uso do solo, foi recolhida de diversa bibliografia publicada e cartografada sobre o tema, para pontos de amostragem em cada 1 minuto de latitude, de meridianos espaçados 15 minutos de longitude. Realizaram-se análises de classificação, de concentração e de informação. A técnica "TWINSPAN" de classificação separou claramente os ambientes de influência atlântica dos de influência continental, assumindo grande importância nessa discriminação os factores climáticos característicos dos climas oceânicos. Os factores do tipo fisiográfico e de uso de solo assumem maior relevo na diferenciação mais detalhada dos oito sectores estabelecidos neste estudo. Nos sectores atlânticos, individualizam-se os ambientes das cumeadas graníticas de utilização florestal e pastoril, os ambientes das comunidades rurais com a sua paisagem agrária de auto-consumo, a montanha média de origem xistosa e utilização agrícola de sequeiro, e as zonas de ribeira, com largos socalcos e culturas de regadio. Nos sectores de menor influência atlântica, destacam-se a paisagem vitícola do Douro, os vales dos seus afluentes, de utilização fundamentalmente cerealífera e frutícola, 0 planalto predominantemente cerealífero com "lameiros de secadal", e as elevações graníticas, sem qualquer utilização agrária dominante aparte de pequenos espaços com vinha e pinhal. A análise de concentração detectou as relações entre os sectores ambientais constituídos e grupos de variáveis, que se intensificam para ambientes mais "extremos", de maior atlanticidade ou maior continentalidade. A análise pela teoria da informação evidenciou a maior importância das variáveis que definem os climas atlânticos, tanto para o conjunto da informação total mútua, como para a elaboração da classificação do "TWINSPAN". A comparação dos resultados obtidos com as zonagens publicadas anteriormente evidenciam o carácter especifico de cada uma delas: as Grandes Regiões (Agroconsultores e COBA,1990) valorizam os factores fisiográficos e de uso do solo, conferindo-lhe um carácter zonal; a Carta Ecológica (Albuquerque, 1945) apresenta uma maior sectorização do território, resultado do cruzamento directo de factores climáticos e fisiográficos; a Carta de Agrotipos (Albuquerque,1945), pela sua especificidade, bem como pela especificidade do território, é a que mais se aproximados resultados do estudo, tanto globalmente como pela importância dada aos factores ambientais. A técnica de amostragem utilizada mostrou-se eficiente, particularmente ao nível da discriminação dos principais ambientes da província de Trás-os-Montes e Alto Douro. Os resultados supõem um melhoramento da discriminação realizada pelas anteriores classificações, apresentando sempre classes que a algum nível da hierarquia de classificação, incorporam a informação contida nas outras sectorizações.