Avaliação da segurança do teste de marcha de 6 minutos em pessoas transplantadas cardíacas
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O transplante cardíaco é atualmente uma alternativa cirúrgica amplamente aceite para tratar pessoas com IC grave cuja terapêutica medicamentosa não consiga controlar a progressão da doença e manter qualidade de vida adequada. A evidência cientifica sugere que a reabilitação cardíaca, com enfoque no exercício, pode ser eficaz na reversão das consequências do descondicionamento físico prévio, das alterações fisiopatológicas associadas à desnervação cardíaca, na prevenção de reações adversas induzidas por imunossupressão. A prescrição e avaliação das intervenções no contexto da reabilitação cardíaca são um processo complexo, não sendo sempre consensuais os instrumentos a utilizar para a mensuração e prescrição de exercício. O teste de marcha de 6 minutos (TM6m) tem sido utilizado como forma de avaliação da capacidade funcional, estadiamento clínico, prognóstico cardiovascular e monitorização de programa de reabilitação. A segurança e o impacto metabólico são pouco descritos na literatura no que se refere a pessoas transplatandas cardíacas. Objetivo: Avaliar a segurança do Teste de Marcha de 6 minutos em pessoas transplantadas cardíacas, em fase III de Reabilitação Cardíaca. Método: 31 transplantados, 25 homens e 6 mulheres, com idade média de 58,19 (9,57) anos e tempo de transplante médio de 5,47 (4,40) anos foram submetidos a avaliação pelo TM6m, com monitorização eletrocardiográfica por telemetria e com registo inicial e final da frequência cardíaca, tensão arterial sistólica e diastólica. Foi também aplicada a Escala de Borg Modificada antes e depois do TM6m. Foram ainda registados os parâmetros antropométricos: altura, peso e inferido o índice de massa corporal. O TM6m foi realizado de acordo com as linhas orientadoras da American Thoracic Society. Para cálculo dos valores do TM6m esperado foram usadas as equações definidas por Enright & Sherrill para população saudável:
♂: DTC6m = (7,57 x estaturacm) – (5,02 x idadeanos) – (1,76 x pesokg) – 309; r2 = 0,42
♀: DTC6m = (2,11 x estaturacm) – (2,29 x pesokg) – (5,78 x idadeanos) + 667; r2 = 0,38. Foram definidos os seguintes critérios de inclusão: participar de forma livre e voluntária no estudo, ter sido transplantado há mais de 3 meses e não apresentar nenhuma contra indicação clínica para a participação nas avaliações. Resultados: Pela análise dos resultados podemos observar que há alterações com significado estatístico quando comparadas as avaliações antes e depois de realizar o TM6m, relativamente à Escala de Borg (p=0,000) e Frequência Cardíaca (p=0,007). De realçar ainda que os resultados do TM6m avaliado são estatisticamente inferiores (p=0,000) aos valores do TM6m esperado. Das 31 pessoas que executaram o TM6m apenas duas desistiram a meio, tendo cumprido 3 e 3,5 minutos de prova. Foram registados 0 eventos adversos. Nenhuma pessoa avaliada apresentou resultado do
TM6m superior ao esperado. Conclusão: O comportamento clínico e eletrocardiográfico sugere que este método de avaliação é seguro, mas pode ser considerado de alta intensidade para algumas das pessoas transplantadas. Variáveis relacionadas com o desempenho no TM6m podem facilitar a prescrição de exercício e monitorização de resultados em programas de intervenção de Enfermagem de Reabilitação, assim como mensurar a capacidade funcional pós transplante. Pessoas transplantadas cardíacas têm mais intolerância à atividade que pessoas saudáveis.