Documentos curriculares e conceções de ensino e de aprendizagem no 1.º ciclo do ensino básico
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O ensino e a aprendizagem são frequentemente enquadradas em teorias psicopedagógicas que têm implicações no exercício da docência. As escolas e, em particular, os professores, como agentes de ensino, podem, com base nessas teorias, criar as condições necessárias para que os alunos tenham a oportunidade de aprender. As suas abordagens didáticas não devem, no entanto, estar desligadas das diretrizes e orientações curriculares proporcionadas pela tutela. Nesta medida, as decisões micro-curriculares que são tomadas nas escolas e pelos professores solicitam o conhecimento dos documentos de âmbito macro (como sejam os programas e as metas) e a sua harmonização com as mencionadas abordagens. A presente comunicação dá a conhecer um estudo realizado no âmbito do 1.º Ciclo do Ensino Básico em Portugal, centrado na identificação das conceções de ensino e de aprendizagem presentes nos documentos macro-curriculares relativos às disciplinas de Estudo do Meio, de Matemática e de Português. De modo mais concreto, os objetivos que a conduziram foram: 1) identificar verbos e substantivos referidos nesses documentos e interpretá-los com base na taxonomia de Bloom (versão revista) para perceber as funções cognitivas que destacam; e 2) selecionar nesses documentos expressões que indiquem conceções de ensino e aprendizagem e interpretá-las à luz dos modelos tradicionais, behavioristas, cognitivistas e construtivistas. Em termos metodológicos, selecionámos no corpus documental determinadas partes; numa primeira fase, respeitante aos “verbos”, centrámo-nos nas competências, nos objetivos, nos resultados esperados nas metas finais e intermédias; numa segunda fase, respeitante às “expressões”, centrámo-nos na introdução, finalidades e caracterização. Para explorarmos esse corpus recorremos à técnica de análise de conteúdo. Os principais resultados que obtivemos são os seguintes: 1) os níveis taxonómicos predominantes no conjunto de documentos são reconhecer (conhecer), entender
(compreender), interpretar, aplicar e executar (fazer; realizar), o que nos remete para os níveis
mais elementares da taxonomia; 2) as expressões predominantes no conjunto de documentos indica a
influência não de um modelo de ensino e de aprendizagem mas dos vários que acima mencionámos.
Em termos de implicações deste estudo para a formação inicial e contínua de professores, entendemos
que importa divulgar e aprofundar o conhecimento das teorias psicopedagógicas e a sua influência
nas decisões de ensino e de aprendizagem que se tomam nos âmbitos macro e micro-curriculares. Em
particular, importa dar atenção às decisões respeitantes ao desenvolvimento cognitivo que ganha, caso
sejam integrados os diversos níveis taxonómicos, e não apenas os elementares, de modo a promover o
desenvolvimento de todos e de cada um dos alunos.