Efeito da técnica de mobilização do solo em sistemas florestais no escoamento superficial e na produção de sedimento
Conference Paper
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As florestas proporcionam uma cobertura vegetal eficaz no controlo da perda de solo e é nas áreas florestadas que se observam menores taxas de erosão. No entanto, a fase de instalação dos povoamentos florestais e as fases iniciais do desenvolvimento das árvores são críticas, dado que, normalmente, a vegetação nestas fases ainda não assegura uma cobertura suficientemente eficaz. Contudo, o tipo de técnica de preparação do solo aplicada na instalação dos povoamentos pode ter um papel importante na minimização destes riscos.
Com o objectivo de comparar a eficiência no controlo da erosão, aplicaram-se 6 técnicas de preparação do solo (tratamentos) na instalação de um povoamento misto (Pseudotsuga mensiezii e Castanea sativa), em Lamas de Podence, concelho de Macedo de Cavaleiros, a cerca de 700 m de altitude, acompanhando-se o escoamento superficial e a produção de sedimento durante dois anos. O delineamento experimental incluiu 3 blocos, correspondendo a diferentes situações topográficas (planalto, encosta de declive moderado, encosta de declive acentuado), onde foram distribuídos aleatoriamente os tratamentos em parcelas com área de 375 m2 cada. Optou-se pelos seguintes tratamentos na instalação do povoamento: (1) plantação à cova sem mobilização prévia (SMPC); (2) ripagem contínua seguida de passagem com riper equipado de aivequilhos (RCAV); (3) sem ripagem prévia e armação do terreno em vala e cômoro (SRVC); (4) ripagem localizada e armação do terreno em vala e cômoro (RLVC); (5) ripagem contínua e armação do terreno em vala e cômoro (RCVC); (6) ripagem contínua seguida de lavoura profunda contínua (RCLC) e ainda dois tratamentos testemunha: (7) testemunha, terreno original (TSM0); (8) testemunha de erosão, ripagem contínua no sentido do maior declive (TERO). A água de escoamento e o sedimento transportado, foram colhidos após cada período de precipitação (evento) em micro-parcelas de cerca de 2,5 m2 de área, com duas repetições por tratamento e bloco.
Os resultados apresentados referem-se aos primeiros vinte eventos, num total de cerca de 1800 mm de precipitação nos dois anos. O escoamento superficial e a produção de sedimento na situação original (TSMO) foram em média de 3,4 mm e 11,6 g m-2, por ano, respectivamente. Nas áreas submetidas a preparação do terreno e plantadas, os valores médios foram superiores 2,5 a 7 vezes, no caso do escoamento, e 5 a 11,5 vezes, na produção de sedimento. Como esperado, a perda de solo foi superior no tratamento TERO (equivalente a 2,3 t ha-1 ano-1). O efeito das técnicas de preparação do terreno na produção de sedimento e no escoamento superficial não é muito expressivo; no entanto, estas variáveis tendem a aumentar com a intensidade da mobilização. Efeitos locais, ao nível da micro-parcela, como o declive e a rugosidade superficial, contribuem para explicar os resultados obtidos.