Dezoito anos de investigação sobre cobertos vegetais em olival Conference Paper uri icon

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  • O olival transmontano representa 75000 ha e envolve 36000 produtores. Apresenta, por isso, elevada importância económica e social. As áreas médias de olival por exploração são baixas e as explorações compostas por um elevado número de microparcelas. Mais de 95% da área de olival encontra-se em sequeiro e sem qualquer perspetiva de poder vir a ser convertida em regadio. Os olivais centenários situam-se em zonas depressionárias, em solos de razoável fertilidade. Nas últimas décadas a generalização dos adubos comerciais permitiu instalar olival em parcelas de menor fertilidade natural, designadamente em solos de encosta e meia encosta, no passado, cultivados com cereais em rotações que incluíam pousios de longa duração. Estes solos são muito pobres, com espessura efetiva reduzida, devido ao processo continuado de erosão. O olival tradicional tem estado sob forte pressão de abandono, sobretudo devido às baixas produtividades, estagnação do preço do azeite nos mercados e aumento constante do preço dos fatores de produção. A resiliência tem estado suportada numa estrutura de custos reduzida e em mão-de-obra familiar cujos encargos não são considerados nas contas de cultura. Por outro lado, grande parte dos olivicultores, sobretudo os de menores áreas de olival, têm outras atividades económicas e desenvolvem a olivicultura como atividade complementar de fim-de-semana, para melhorar a economia familiar. Assim, a maior ameaça efetiva à sustentabilidade é a perda progressiva da fertilidade do solo, sobretudo dos olivais jovens, devido ao declive das parcelas e às mobilizações frequentes que aceleram o processo de erosão e conduzem a níveis de matéria orgânica no solo muito baixos. Foi neste contexto que, aproximadamente, há 18 anos se iniciaram trabalhos de investigação em olival tradicional de sequeiro, com vista a demonstrar vantagens de outros sistemas de gestão do solo relativamente às mobilizações convencionais. Foram desenvolvidos diversos projetos de investigação (PAMAF, AGRO, FCT, PRODER)e, publicados mais de três dezenas de artigos em revistas científicas internacionais e nacionais. Os resultados obtidos mostraram que a aplicação primaveril de herbicidas não seletivos é uma solução que protege o solo da erosão e incrementa a produtividade das árvores. Cobertos de vegetação natural deficientemente controlada podem originar perda de produtividade ainda que apresentem bons indicadores de fertilidade biológica dos solos. Em olival de sequeiro mostraram vantagem os cobertos de leguminosas anuais de ciclo curto. Esta solução melhorou a fertilidade do solo, favorecsu o estado nutricional das árvores e aumentou a produção de azeitona.

publication date

  • January 1, 2015